#SemanaNacionalDoCerrado
Se penso, logo preservo!

O bioma que é conhecido como “Berço das Águas” se destaca pela biodiversidade e, infelizmente, pelos altos índices de desmatamento.

Dia do Cerrado

O Dia Nacional do Cerrado é comemorado em 11 de setembro e serve como um alerta para a importância da preservação de um bioma-chave para a conectividade ecológica frente à contínua escalada de desmatamento da região. O Cerrado é conhecido como “Berço das Águas” por fornecer 40% da água doce do Brasil e é considerado não só o segundo maior bioma da América Latina, mas também o segundo bioma mais ameaçado no Brasil.

Enquanto comemoramos a diminuição de 66% do desmatamento na Amazônia, dados do DETER, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontam o segundo maior valor de desmate para o mês de agosto da série histórica – iniciada em 2018. Foram 462,72 km² de mata derrubada, uma área maior que a cidade de Curitiba. Segundo o MapBiomas, no MATOPIBA (acrônimo formado com as primeiras sílabas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), o Cerrado perdeu 56,2% da sua vegetação nativa nos últimos 20 anos.

A data bate com o investimento brasileiro nas sementes geneticamente modificadas, os transgênicos, e o boom do agronegócio. Ainda segundo dados do MapBiomas, “De tudo que foi antropizado em cinco séculos no país, 33% foram antropizados, ou seja, convertidos para algum uso humano, como cidades ou atividades agropecuárias, nos últimos 38 anos”. Esse processo se deu, principalmente, na Amazônia e no Cerrado – no segundo caso, 31,9 milhões de hectares foram antropizados nesse intervalo, cerca de 69 cidades de Curitiba.

Já em relação à vegetação existente, comparando com 1985, o Cerrado também foi o bioma que mais perdeu vegetação nativa até 2022, com cerca de 25%. Nesse espaço, as atividades agropecuárias ocupam metade do bioma (50%). E tudo isso é feito dentro da lei, sancionada pelo Código Florestal de 2012.

Propriedades privadas no Cerrado podem desmatar de 75% a 80% do território. Os produtores do agronegócio esquecem que 49,8% da água consumida no país, em 2019, foi com a irrigação da agricultura, de acordo com dados da ANA (Agência Nacional de Águas). Um grande tiro no pé.

Água para muitos, água para todos

Compreendendo uma área de 22% do território brasileiro, o Cerrado é sinônimo de segurança hídrica e energética. É berço de nascentes de oito bacias hidrográficas, fornece cerca de 70% do rio São Francisco e 47% do rio Paraná, que abastece a hidrelétrica de Itaipu.

O bioma é também o segundo maior reservatório subterrâneo de água do mundo, formado pelos aquíferos Guarani e Urucuia. Suas águas não são só responsáveis por distribuir vida para outros biomas, como Caatinga e Pantanal, mas também por levar água para países vizinhos, como Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai.

Água é sinônimo de vida: o Cerrado contém 5% de toda biodiversidade do planeta, sendo algumas espécies animais conhecidas por todo território brasileiro, como: tamanduá-bandeira, o tatu-canastra, o veado-campeiro e o lobo-guará. Água também significa estabilizar o clima regional. E, para fechar um rol de importâncias desse bioma (que não se limitam a essas citadas), o Cerrado também é um ótimo território para reter carbono: seu subsolo tem cinco vezes mais capacidade de reter gases do efeito estufa (GEEs) do que a superfície.

Em audiência pública no Senado, no final de agosto, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, afirmou que a pasta está preparando um novo plano contra o desmatamento no bioma, que deve ser posto em consulta pública em setembro. Ficaremos de olho.

 

ClimaInfo, 11 de setembro de 2023.

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