“Rei do Ouro” usou garimpos fantasmas para liberar R$ 21 milhões em minério apreendido

garimpo fantasma
Imagem de junho de 2020, Planet Explorer Via Reporter Brasil

Empresário Dirceu Sobrinho usou NFs irregulares para “lavar” 67 kg de ouro com origem suspeita; de acordo com MPF, origem declarada existe apenas no papel.

As polêmicas se acumulam nas costas do chamado “rei do ouro”. A Repórter Brasil obteve documentos que mostram o empresário Dirceu Frederico Sobrinho utilizando notas fiscais de garimpos apontados como “fantasmas” pelo MPF para liberar parte de uma carga de 67,43 kg de ouro apreendido pela Polícia Militar do Mato Grosso em julho de 2020. O material é avaliado em R$ 21 milhões.

A carga foi apreendida em um avião a serviço da FD’Gold, empresa da qual Dirceu é sócio, juntamente com mais de mil notas fiscais. Parte da carga não estava coberta pelos documentos, o que resultou em sua apreensão.

De acordo com a reportagem, ao menos 35 notas fiscais que correspondiam a cerca de 4,5 kg de ouro (avaliado em R$ 1,38 milhão) teriam como origem oito permissões de lavra garimpeiras com suspeitas de irregularidades. O MPF sustenta que essas áreas de garimpo existem apenas no papel, servindo na prática para “lavar” ouro explorado em outras áreas de forma ilegal.

O empresário chegou a ser preso pela Polícia Federal em setembro de 2022, acusado de lavagem de dinheiro. Segundo a PF, a FD’Gold estaria “esquentando” ouro garimpado de forma ilegal nos rios da Amazônia. Ele também é investigado por conexões com atividades ilegais de garimpo na Terra Indígena Yanomami, em Roraima.

Por falar no garimpo no território Yanomami, o vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, Dário Kopenawa, afirmou ao Valor que a atividade garimpeira está voltando mesmo depois das ações recentes do governo federal para expulsar os invasores. “A gente não consegue dormir porque tem muito barulho de aviões, de motores, de maquinários”, disse.

A falta de segurança prejudica as ações do Ministério da Saúde para enfrentar a crise humanitária na Terra Yanomami. “Nós temos condições e capacidade de ampliar a presença dos profissionais de saúde para todo o território, mas a gente precisa de segurança para que as nossas equipes tenham condição de atuar”, explicou Weibe Tapeba, secretário de Saúde Indígena do ministério.

Em tempo: O senador Marcos Rogério (PL-RO) apresentou nesta 4ª feira (13/9) seu parecer favorável ao projeto de lei que institui o marco temporal para restringir a demarcação de Terras Indígenas. Relator da matéria na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, ele pretende votar o texto na próxima 4a feira (20/9), informou o g1. Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pediu que o relator e a bancada governista negociem um texto de consenso, de forma que haja “ao menos um equilíbrio dos interesses públicos desse projeto”. Metrópoles e Valor também repercutiram a notícia.

 

ClimaInfo, 15 de setembro de 2023.

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