Projeto propõe troca de tarifa social por energia solar para famílias de baixa renda

Renda Básica Energética Rebe
Divulgação

Batizado de “Renda Básica Energética”, programa social destinaria despesas atuais com desconto na conta de luz para ampliar acesso à geração própria de energia elétrica.

O deputado Pedro Uczai (PT/SC) está propondo a criação do programa “Renda Básica Energética” (Rebe), para universalizar o acesso à energia elétrica e atender a população de baixa renda por fontes renováveis. A Rebe quer substituir a Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE), que garante descontos na conta de luz a famílias de baixa renda, pela produção de energia limpa para abastecer essas residências.

Uczai apresentou na Câmara dos Deputados o estudo que embasa o projeto de lei 4.449/2023. Segundo a Folha, a proposta prevê investimentos de R$ 56 bilhões em geração solar. A ideia é usar o BNDES para financiar o aporte, que seria operacionalizado pela Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), criada a partir da privatização da Eletrobras.

Segundo a análise, feita em parceria com o Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara, hoje há cerca de 17 milhões de famílias contempladas pela tarifa social, que é bancada pela Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), paga por todos os consumidores de eletricidade conectados à rede básica. Para 2023, o valor aprovado pela ANEEL para a TSEE é de R$ 5,6 bilhões.

Assim, as famílias beneficiadas pela tarifa social são subsidiadas anualmente por 14 GW de energia elétrica, o que equivale à capacidade da hidrelétrica de Itaipu. Com base em dados da ANEEL e de uma auditoria da Controladoria Geral da União (CGU), o estudo estima que seria necessário investir cerca de R$ 56 bilhões em usinas solares para produzir estes mesmos 14 GW. O levantamento se baseou nos dados de consumo médio dos beneficiários da TSEE em 2022, de 132,04 kWh por mês.

A criação de um programa do tipo – por vezes chamado de “solar social” – é discutida há anos. Está na agenda do governo federal. Por isso, Uczai quer levar a proposta da Rebe ao Executivo: “Vamos conversar com a Casa Civil para ver se fica de pé. O próximo passo é juntar um grupo de trabalho para fechar essa proposta e fazê-la avançar”, diz o deputado.

Em tempo: A nota do Operador Nacional do Sistema (ONS) divulgada na 2ª feira (25/9) sobre as causas do apagão de 15 de agosto, que “desligou” 25 estados e o Distrito Federal, mostra que geradores eólicos e solares não passaram dados adequados sobre seus equipamentos, explica a Folha. “Houve um problema sério de desalinhamento de informação. Havia uma diferença entre o que o ONS pensava ter de recursos, e quais eram os recursos reais. Isso significa que o ONS foi pego de surpresa”, detalha Mario Veiga, especialista do setor elétrico e fundador da consultoria PSR. O ONS refez minuto a minuto a simulação daquele dia, e o modelo mostrou que não havia nenhuma possibilidade da linha de transmissão do Ceará sair do sistema. Mas, na vida real, ocorreu a queda de tensão porque os dados das características informados por alguns geradores estavam errados. g1, Estadão, Metrópoles e Poder 360 também noticiaram as novas informações do ONS.

 

ClimaInfo, 28 de setembro de 2023.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.