Pela primeira vez, promoção da qualidade do ar ganha mais dinheiro que combustíveis fósseis

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Nataliia Shulga/Al Jazeera

Apesar disso, os projetos para reduzir a poluição atmosférica receberam menos de 1% do financiamento internacional para o desenvolvimento, mostra relatório do Clean Air Fund.

Em 2021, o financiamento internacional para o desenvolvimento de projetos de qualidade do ar, de US$ 2,3 bilhões, superou os recursos para projetos para o prolongamento de combustíveis fósseis, que totalizaram US$ 1,5 bilhão. Foi a primeira vez que isso aconteceu desde 2015, período analisado pelo Clean Air Fund (CAF) no relatório “The State of Global Air Quality Funding 2023”, feito em parceria com a Climate Policy Initiative.

É uma boa notícia, mas ainda insuficiente, considerando que 7 milhões de mortes prematuras causadas pela poluição atmosférica acontecem todos os anos, destaca o Health Policy Watch.

As partículas atmosféricas são a quarta maior causa de morte em escala mundial. Apenas a pressão arterial, o tabagismo e a dieta alimentar desempenham um papel maior na possibilidade de as pessoas morrerem precocemente. Mesmo assim, os ativistas dizem que os esforços para se livrar delas têm sido “cronicamente” carentes de dinheiro, destaca o Guardian.

A Al Jazeera cita um estudo publicado em agosto por cientistas chineses que mostrou que a poluição do ar aumenta a resistência aos antibióticos. Segundo os pesquisadores, isso levou a 480 mil mortes prematuras em 2018. No mesmo mês, cientistas da Universidade Harvard mostraram uma associação entre poluentes presentes nas emissões de combustíveis fósseis e um risco aumentado de alguns tipos de câncer.

Não à toa, a diretora executiva do CAF, Jane Burston, disse que a limpeza do ar salva vidas, faz crescer as economias e retarda a crise climática. “É a única coisa que tem o maior retorno para o seu investimento se você financiá-la”.

O documento da CAF também aponta a distribuição desigual de recursos. A África recebeu apenas 5% de todo o financiamento para a qualidade do ar, apesar de cinco dos dez países mais poluídos do planeta estarem nesse continente, destaca o Air Quality News. Além disso, 86% dos recursos se concentraram em apenas cinco países asiáticos – China (37%), Filipinas (20%), Bangladesh (17%), Mongólia (6%) e Paquistão (6%).

 

ClimaInfo, 29 de setembro de 2023.

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