Há exatamente um ano, em 16 de agosto de 2022, o presidente dos EUA, Joe Biden, sancionou a Lei de Redução da Inflação (IRA) para investir US＄ 369 bilhões na transição de energia limpa do país. Um ano depois, a lei estimulou empregos de energia limpa, transporte, manufatura e turbinou as projeções de energias renováveis, além de dar impulso a uma corrida global de políticas industriais verdes.
Entre os governos que estão prestando atenção às lições da nova lei dos EUA, estão Reino Unido, Canadá, União Europeia, Índia e Austrália, que adotaram ou estão considerando políticas para centralizar mão de obra, subsidiar a indústria renovável e priorizar a fabricação nacional. O governo brasileiro também está prometendo um pacote econômico verde, mas não se sabe ainda se ele atenderia a um novo ciclo de industrialização.
Embora a iniciativa tenha motivado o engajamento bilateral dos EUA com outros países para reforçar e diversificar suas cadeias de suprimento, os países em desenvolvimento não foram muito incluídos nas oportunidades geradas.
Neste briefing em inglês há exemplos desse engajamento e detalhes sobre as ações climáticas globais incentivadas pelo IRA. Aqui você também encontra aspas de especialistas e contato para entrevistas.
E embora as análises variem, o progresso dessa política climática histórica inclui:
- Dobrar o ritmo das reduções de emissões dos EUA, embora ainda projetada para ficar aquém de sua promessa de Paris para 2030, provavelmente cortando as emissões em até 42% até 2030, em comparação com a meta de 50% a 52%.
- Aumentar a implantação de energia limpa: Estima-se que o setor de energia será composto por 63% a 87% de fontes de emissão zero ou baixa até 2035.
- Uma análise de nove equipes de pesquisa projetou que os veículos elétricos serão 32% a 52% das novas vendas de veículos leves nos EUA até 2030 como resultado do IRA, em comparação com um cenário de referência de 22% a 43%.
- O investimento em energia eólica offshore nos EUA triplicou em um ano desde 2022, e o investimento somente no setor de energia solar triplicará de US＄ 200 bilhões para US＄ 600 bilhões na próxima década, segundo a Solar Energy Industries Association e a Wood Mackenzie.
- Desde a aprovação do IRA, os investimentos em energia limpa estimularam a criação de mais de 170 mil novos empregos no setor de energia limpa.
- Aumento da produção industrial: Empresas privadas anunciaram quase 100 instalações industriais novas ou ampliadas em todo o país para produzir veículos elétricos, baterias, energia eólica e solar, e os fundos de empresas estrangeiras são uma parte importante desse desenvolvimento.
Especialistas:
Mike Williams (americanprogress.org), Center for American Progress, pode falar sobre como os EUA iniciaram uma tendência na política climática que centraliza os trabalhadores.
Anne Christianson (americanprogress.org), Center for American Progress, pode falar sobre por que os EUA não devem deixar o mundo em desenvolvimento para trás.
Tim Sahay (greennewdealnetwork.org), pode falar sobre os detalhes da aprovação e implementação do IRA, incluindo como ele foi desenvolvido com o apoio de trabalhadores e comunidades diversas.
Comentários:
Todd Tucker, Roosevelt Institute – (rooseveltinstitute.org)
“Os investimentos domésticos da Lei de Redução da Inflação ajudam a estabelecer os Estados Unidos como um parceiro internacional confiável em relação ao clima. Ao semear empregos e dólares em todo o país, os EUA são muito menos vulneráveis a retrocessos em relação ao clima do que no passado.”
Pierre Charbonnier, (sciencespo.fr ) pesquisador do CNRS no Centro de Estudos Europeus e Política Comparada da Sciences Po Paris
“O IRA abre uma brecha na ordem econômica atual. Mas, no momento, é apenas uma brecha: só funcionará para a sociedade, para o clima e para a estabilidade internacional se os trabalhadores e as comunidades encontrarem suas vantagens nesse novo paradigma em termos de emprego, saúde e reconhecimento.”
Philippa Sigl-Glockner, (dezernatzukunft.org) Dezernat Zukunft (Departamento do Futuro), um think tank de macrofinanças na Alemanha.
Mark Zacharias, Executive Director (Clean Energy Canada)
“O Canadá se espelhou amplamente na ambição da Lei de Redução da Inflação dos Estados Unidos, e o Orçamento 2023 do governo federal anunciou US＄ 58 bilhões em investimentos para a transição para uma economia limpa. No ano passado, o Canadá conseguiu grandes fábricas de baterias para veículos elétricos da Stellantis e da Volkswagen, grandes investimentos em energia renovável e uma longa lista de outras oportunidades de energia limpa que geram empregos. O Orçamento 2023 acelerará ainda mais esses investimentos em todo o Canadá, desde minerais essenciais, passando por eletricidade renovável nas províncias do Atlântico e nas Pradarias, até a fabricação de baterias e veículos elétricos em Ontário e Quebec. Ele também ajudará as nações indígenas do Canadá a participar da transição econômica limpa por meio de novos projetos de geração e transmissão de eletricidade.”
Luisa Da Silva, Executive Director (Iron and Earth)
“O IRA foi um alerta de que fundos significativos precisam ser investidos em ações climáticas. O Canadá apresentou agora a Lei de Empregos Sustentáveis, mas o Canadá estará 4 anos atrasado em relação ao IRA quando o primeiro plano de ação for lançado em 2025. O Canadá é rico em recursos renováveis, e o investimento da Volkwagen na fábrica de St. Thomas é a prova de que o Canadá está pronto para investir, fabricar e apoiar melhores padrões trabalhistas. No entanto, os bilhões de dólares do IRA são o combustível que permite o crescimento da economia de energia renovável nos EUA, e o Canadá corre o risco de perder trabalhadores que irão para onde os empregos estão sendo criados.”
ClimaInfo, 15 de agosto de 2023.
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