Guerra entre Israel e Hamas pode interferir nas negociações climáticas da COP28

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A instabilidade no Oriente Médio eleva apreensão de negociadores e observadores com a realização da COP28 nos Emirados Árabes em pouco mais de um mês.

A próxima rodada de negociações climáticas da ONU já estava complicada por si só. Agora, com mais uma crise entre israelenses e palestinos na Faixa de Gaza, a COP28 de Dubai ganha um desafio geopolítico mastodôntico a ser superado. O risco de uma escalada no conflito com o possível envolvimento de outros atores, como Síria e Irã, coloca em xeque não apenas a negociação, mas também a realização da própria COP.

A perspectiva é de que a crise no Oriente Médio se arraste pelas próximas semanas, com Israel se preparando para uma intervenção em Gaza para desmantelar o grupo extremista Hamas. A crise humanitária causada pelo cerco israelense ao território palestino causou protestos em diversos países, especialmente muçulmanos. Governos aliados ao Hamas, como o do Irã, também vêm sugerindo a possibilidade de um conflito maior caso Israel siga bombardeando o enclave palestino no sul do país.

Ou seja, é muito provável que a COP28 aconteça em um cenário de escalada do confronto entre israelenses e palestinos. Como a Axios destacou, especialistas indicam que esse cenário já limita as possibilidades de sucesso da Conferência, pois diminui a atenção dada por governos e opinião pública internacional às negociações climáticas.

Outro problema é a questão da confiança entre os países. Isso já estava difícil pela própria natureza das questões na agenda de discussão de Dubai, como financiamento e ambição climática, e pelos efeitos da guerra ainda em andamento entre Rússia e Ucrânia. A crise entre Israel e Palestina eleva a temperatura e pode distanciar ainda mais países ricos e pobres.

De acordo com o Washington Post, a mobilização militar de recursos que poderiam ser usados para a crise climática deve se intensificar nos próximos meses, com Estados Unidos destinando mais ajuda a Israel e Ucrânia. Essa situação já vinha causando frustração entre os países em desenvolvimento, que lamentavam o desperdício de recursos com a guerra.

Mas os riscos não se limitam à agenda de negociação. A possibilidade de uma escalada da crise, com o envolvimento de potências regionais, ainda é vista como improvável, mas já desperta preocupações sobre a viabilidade da COP28 nos Emirados Árabes.

Por ora, a presidência da COP28 reitera que o planejamento segue normal e que os Emirados Árabes se preparam para receber até 80 mil participantes a partir do final de novembro. “A Presidência está focada em implementar ações climáticas tangíveis e ambiciosas. Esperamos realizar uma COP segura e inclusiva a partir do final de novembro”, disse a organização da COP, citada pelo Financial Times.

Um Só Planeta também abordou os efeitos potenciais da guerra entre Israel e Hamas sobre a COP28.

 

ClimaInfo, 16 de outubro de 2023.

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