Proposta sobre eliminação progressiva dos combustíveis fósseis não é consenso entre os países da UE; bloco tenta chegar a um denominador comum para a COP28.
Os ministros do clima dos 27 países da União Europeia se reuniram nesta 2ª feira (16/10) em Bruxelas, na Bélgica, para fechar a posição comum do bloco para as negociações da próxima Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP28), que se inicia no final de novembro em Dubai (Emirados Árabes). Para variar, os governos estão divididos em um dos tópicos mais importantes da agenda da COP: a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis.
A ideia da Comissão Europeia é de que a UE defenda em Dubai uma proposta de cronograma para que os países deixem de produzir e consumir energia fóssil nas próximas décadas, em linha com o que a ciência vem defendendo como saída para se conter o aquecimento global dentro dos limites definidos no Acordo de Paris. A proposta é encampada por pelo menos 10 países da UE, incluindo Alemanha, Eslovênia, Dinamarca, França, Irlanda e Países Baixos.
No entanto, outro grupo de países, capitaneado por Eslováquia, Hungria, Itália, Malta, Polônia e República Tcheca, defende uma abordagem mais cautelosa e propõe uma eliminação progressiva restrita aos chamados combustíveis fósseis “incompensáveis” (unabated). Essa saída permitiria que os países seguissem queimando combustíveis fósseis desde que atrelados a alguma tecnologia de captura e armazenamento de carbono.
De acordo com a Reuters, um fator que pode mudar o cálculo político interno na UE é o resultado das eleições gerais do último final de semana na Polônia. A oposição centrista, liderada pelo ex-presidente do Conselho Europeu Donald Tusk, obteve a maioria dos votos e deve desbancar o partido governista Lei e Justiça, historicamente crítico às discussões climáticas no âmbito da UE e defensor do carvão e de outros combustíveis fósseis.
Euractiv e Euronews também abordaram os bastidores das discussões entre os ministros europeus sobre a posição da UE na COP28.
Em tempo: Por falar em COP28, outros países também preparam seus posicionamentos para as negociações de Dubai. O Climate Home destacou a movimentação da Índia e dos países do Grupo Africano. Enquanto os países da África propõem que os países ricos deixem de iniciar novos projetos de extração de petróleo e gás até 2030, os indianos querem antecipar o net-zero para antes de 2050 e sugerem que os governos pensem em emissões líquidas negativas em meados deste século.
ClimaInfo, 17 de outubro de 2023.
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