Apostar em energia fóssil agora é perder muito dinheiro amanhã, alerta IEA

renováveis x fósseis
Antonio Garcia / Unsplash

Novo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA) reafirma previsão de avanços na geração renovável até 2030, com energia fóssil cada vez mais inviável economicamente.

Enquanto empresas petroleiras e governos intensificam seus investimentos em novos projetos de combustíveis fósseis, em nome de uma suposta segurança energética, a IEA sinaliza para o caminho contrário: se os países seguirem apostando na energia fóssil, podem ficar para trás na corrida da transição energética e perder muito dinheiro o futuro.

Segundo o World Energy Outlook da IEA divulgado nesta 3ª feira (24/10), a demanda global por petróleo deve atingir seu pico em 2030, em parte por conta das políticas energéticas já implementadas pelos países na promoção de fontes renováveis de energia. Essa queda é insuficiente para conter o aquecimento global acima de 1,5ºC, como definido pelo Acordo de Paris, mas já evidencia que a indústria energética começa a enxergar um futuro sem a dependência dos combustíveis fósseis.

O cenário projetado pela IEA também destaca o avanço da eletrificação no transporte automotivo. A expectativa é de que a frota de carros elétricos aumente quase 10 vezes até o final desta década, favorecida pelo crescimento da participação das fontes renováveis no mix energético global dos atuais 30% para cerca de 50% em 2030. Só a capacidade instalada de geração solar fotovoltaica em todo o mundo será superior à capacidade atual de todo o setor energético dos EUA.

O cenário ainda não é positivo, já que a velocidade da transição energética não está à altura do desafio de evitar mudanças climáticas mais desastrosas. Por isso, a IEA defende que os países e as empresas ampliem seus investimentos na adoção de fontes renováveis de energia e acabem com o financiamento a novos projetos de combustíveis fósseis.

“A transição para a energia renovável está acontecendo em todo o mundo e é imparável. Não é mais uma questão de ‘se’, mas de ‘quando’ – e quanto mais cedo melhor para todos nós”, destacou o diretor-executivo da IEA, Fatih Birol. “Tendo em conta as tensões atuais e a volatilidade nos mercados energéticos tradicionais, as alegações de que o petróleo e o gás representam escolhas seguras para o futuro energético e climático do mundo parecem mais fracas do que nunca”.

O Observatório do Clima destacou o plano de cinco pontos proposto pela IEA “para manter viva a meta de 1,5°C e garantir o sucesso da COP28, a conferência do clima que começa daqui a um mês e uma semana em Dubai:

  1. triplicar a capacidade global de energias renováveis; 
  2. dobrar a taxa de melhorias na eficiência energética; 
  3. reduzir em 75% as emissões de metano das operações de combustíveis fósseis;
  4. adotar mecanismos inovadores de financiamento em larga escala para triplicar os investimentos em energia limpa em economias emergentes e em desenvolvimento; e
  5. medidas para garantir um declínio ordenado no uso de combustíveis fósseis, incluindo o fim da aprovação de novas usinas termelétricas a carvão sem captura de carbono.”

Associated Press, CNN, Deutsche Welle, Financial Times, Forbes, Guardian, Independent, NY Times e Washington Post, entre outros, repercutiram o relatório da IEA.

 

ClimaInfo, 25 de outubro de 2023.

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