Recordes de eventos extremos aproximam Humanidade de limite de 1,5ºC de aquecimento

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Misbahul Aulia / Unsplash

Novo estudo atualiza análise sobre os “sinais vitais” do planeta e aponta para um cenário que está cada vez mais perigoso com crise climática descontrolada.

“A vida na Terra está sitiada”. É com essa frase que o cientista William Ripple, da Universidade do Estado do Oregon (EUA), sintetizou à Bloomberg uma nova análise internacional apresentada nesta 3ª feira (24/10) na revista Bioscience. O estudo atualizou o panorama de 35 “sinais vitais planetários” e mostrou como o clima extremo de 2023 está colocando a Humanidade em uma situação inédita e perigosa para sua sobrevivência.

De acordo com a análise, 20 dos 35 indicadores utilizados para acompanhar a evolução da crise climática atingiram índices recordes neste ano. Além das emissões de gases de efeito estufa, da temperatura global e do aumento do nível, a alta recente também inclui os números sobre a população humana e a pecuária.

Boa parte desses recordes foi capitaneada pelo fenômeno El Niño, causado pelo aquecimento das águas do Pacífico Central, o que acarreta alterações significativas nos padrões climáticos ao redor do mundo. O Hemisfério Norte ainda se recupera do verão mais quente que já se teve registro, enquanto outras regiões sofrem com tempestades e ondas de calor fora do normal, inclusive no Brasil.

Como resultado, a temperatura média global se encontra em um patamar extraordinário. Segundo a análise, o número de dias com temperatura média acima de 1,5oC em relação aos níveis pré-industriais chegou a 38 neste ano, com dados ainda parciais (até 12 de setembro), mais do que em qualquer outro ano.

Esse cenário pode se tornar muito mais frequente se a trajetória recente de aquecimento da atmosfera terrestre não for interrompida, o que depende de uma redução substancial das emissões de gases de efeito estufa. Caso contrário, as condições de vida poderão se tornar quase insuportáveis em algumas partes do globo.

“Até 2100, cerca de 3 a 6 bilhões de pessoas poderão se encontrar fora das regiões habitáveis da Terra, o que significa que enfrentarão calor extremo, disponibilidade limitada de alimentos e taxas de mortalidade elevadas”, disse ao Guardian outro autor do estudo, Christopher Wolf, também da Universidade do Estado do Oregon.

ABC News, AFP e Scientific American também abordaram as principais conclusões do estudo sobre o estado do clima global.

 

ClimaInfo, 25 de outubro de 2023.

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