Número de afetados pela seca severa no Amazonas sobe para 633 mil pessoas

seca amazônia falta água
SEMCOM

Segundo a Defesa Civil, já são 158 mil famílias afetadas. Das 62 cidades do estado, 59 estão em situação de emergência por causa da estiagem.

A Defesa Civil do Amazonas anunciou no domingo (22/10) que subiu para 633 mil pessoas o número de afetados pela seca severa no estado. Anteriormente, o governo amazonense falava em 500 mil afetados no estado pela estiagem extrema que aflige a região amazônica.

Segundo o órgão, as 633 mil pessoas afetadas fazem parte de 158 mil famílias, informam g1, Metro1 e Em Tempo. Até as 14h desse domingo, havia 59 municípios amazonenses em situação de emergência, uma cidade em alerta e duas em normalidade.

Com o drama humano piorando a cada dia, o governo do Amazonas anunciou o envio de cestas básicas para comunidades indígenas das regiões do Alto Solimões e Alto Rio Negro, bastante afetadas pela seca. O envio será coordenado pelo Comitê Intersetorial de Enfrentamento à Estiagem, do governo do estado, em parceria com as Forças Armadas. Nos municípios, a Fundação Estadual do Índio (FEI) realizará o levantamento das comunidades prioritárias e a distribuição dos alimentos aos indígenas, detalha o g1.

Em São Gabriel da Cachoeira, no oeste amazonense, houve a suspensão de aulas, eventos e até mesmo o atendimento ao público de órgãos municipais por conta do racionamento de energia na cidade – a primeira do estado a enfrentar desabastecimento elétrico por conta da seca, lembra o g1. Com o rio Negro à míngua, os navios que levam combustíveis para gerar eletricidade não conseguem chegar ao local.

A estiagem extrema não se restringe ao Amazonas. Comunidades quilombolas e ribeirinhas de Oriximiná, no oeste do Pará, estão à espera de ajuda humanitária e mantimentos, segundo a Folha. Em meio à seca, moradores se queixam da demora em meio a dificuldades para conseguir água e alimentos.

No Acre, a seca do Igarapé Encrenca, de onde é captada a água que abastece a cidade de Epitaciolândia, no interior do estado, prejudica o abastecimento de água. O Serviço de Água e Esgoto do Estado do Acre (SANEACRE) iniciou um racionamento a partir de sábado (21/10) devido aos níveis “extremamente baixos” do manancial pela falta de chuvas na região, de acordo com o g1.

E no Amapá, o governo federal reconheceu a situação de emergência devido à seca no município de Tartarugalzinho, na região dos lagos do estado. O decreto que permite a mobilização de recursos para enfrentar os impactos da estiagem foi emitido pelo Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional e a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, informa o g1.

Em tempo 1: Além da falta de chuva, o fogo. O Amazonas enfrenta um outubro sem precedentes em número de queimadas, destaca o MetSul. O número de focos de calor no estado no mês é quase o triplo da média histórica mensal, gerando uma enorme quantidade de fumaça. Por isso, no começo do mês, Manaus figurou entre as cidades do mundo com pior qualidade do ar. No Amapá, segundo o g1, o aumento da quantidade de queimadas por causa da seca fez com que o governo estadual decretasse situação de emergência em Tartarugalzinho, que também sofre com a falta de água.

Em tempo 2: O desmatamento da Floresta Amazônica é sabidamente uma das causas das mudanças climáticas, parte fundamental da seca extrema que aflige a Amazônia atualmente. Na estreia do quadro “Fazer o bem não importa a quem”, no Domingão com Huck, Luciano Huck mostra, de forma bastante didática, a conexão entre a destruição da maior floresta tropical do mundo e o aquecimento global. Em uma extensa e bela reportagem que correlaciona as geleiras em derretimento na Patagônia com a Amazônia, Huck apresenta Roberto, da comunidade Tumbira, às margens do Rio Negro, no Amazonas. Sozinho, por 26 anos, ele derrubou 60 mil árvores, até “descobrir” que teria melhores condições de vida mantendo a floresta em pé. “Minha vida melhorou porque eu parei de tirar madeira e vim para a comunidade ter acesso a várias coisas”, diz ele. Tudo começou com a criação de uma Unidade de Conservação, apoiada pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS). “A reserva me dava uma esperança, que era o desenvolvimento sustentável”, atesta o ex-madeireiro, que aprendeu o ofício de derrubar árvores com o pai, mas que hoje vê seu filho contar com orgulho que nunca derrubou nenhuma. Uma das atividades desenvolvidas na localidade é o turismo de base comunitária. Tumbira abriga 36 famílias, somando 138 pessoas, e fornece formação educacional e profissional para seus habitantes, tudo com base no desenvolvimento sustentável.

 

ClimaInfo, 24 de outubro de 2023.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.