Cota do rio Negro fica abaixo dos 13 metros pela primeira vez na História

25 de outubro de 2023
seca rio Negro
William Duarte / Rede Amazônica / g1

Rio chega à cota dos 12 metros pela primeira vez em 121 anos de medição, e baixa dos cursos d’água continua prejudicando dia-a-dia dos ribeirinhos.

Desde o início da semana passada o rio Negro vem batendo sucessivos recordes de baixa, devido à seca extrema que atinge a região amazônica desde setembro e não dá sinais de reversão. No domingo (22/10), porém, pela primeira vez em 121 anos, o nível do curso d’água ficou abaixo dos 13 metros de profundidade – mais uma prova da gravidade da estiagem.

No Porto de Manaus, onde a medição é realizada diariamente, o rio Negro baixou para 12,99 metros no domingo. Na 2ª feira (23/10), caiu para 12,89 metros, informam g1, Terra, TV Cultura, BNC Amazonas, Em Tempo e Brasil 247. A título de comparação, quando está cheio e preenchendo a orla do porto, o Negro chega a atingir uma cota que varia entre 27 metros e 29 metros.

Ao que tudo indica, novos recordes deverão ocorrer nos próximos dias. De acordo com Jussara Cury, pesquisadora do Serviço Geológico Brasileiro (SGB), o nível do Negro deve continuar baixando na capital amazonense, embora, segundo ela, a estiagem tenha se estabilizado na calha do Rio Solimões, devido a chuvas nos Andes peruanos que alimenta esse curso d’água.

A bacia do Solimões represa 70% do nível de água para o rio Negro. “Mas, para sair desse cenário de estiagem [no Negro] e passar à estabilidade e à subida, que seria o início da cheia, precisamos também de chuvas distribuídas ao longo da bacia, e isso ainda não aconteceu”, explicou a pesquisadora.

Enquanto os rios amazônicos vão baixando, o cotidiano e a sobrevivência dos ribeirinhos permanecem profundamente afetados. Muitas comunidades, como as do Sacará e do Inglês, no Rio Negro, vivem do turismo ecológico e da venda de produtos de base florestal, atividades interrompidas porque os barcos não conseguem chegar, destaca o Jornal Hoje.

Muitas dessas comunidades perderam temporariamente a única fonte com que contavam. “O turismo de base comunitária, o manejo de pirarucu e o manejo florestal madeireiro foram severamente impactados”, diz o diretor técnico do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), André Vianna.

Relatos de mortes de pirarucus vêm da Reserva Extrativista Ituxí, no município de Lábrea, no sul do Amazonas, banhado pelo rio Purus. O manejo do peixe, que pode medir até 3 metros e pesar 200 quilos, é uma das principais atividades econômicas da região.

Em tempo: Rostos esculpidos em pedra há cerca de 2.000 anos apareceram em um afloramento rochoso ao longo do rio Amazonas desde que a água caiu para níveis recordes. Algumas gravuras rupestres já tinham sido avistadas antes, mas agora, com o rio ainda mais baixo, há uma variedade maior que ajudará os pesquisadores a estabelecer suas origens, disse o arqueólogo Jaime de Santana Oliveira. O ponto rochoso é chamado de Ponto das Lajes, na costa norte do Amazonas, próximo à confluência dos rios Negro e Solimões, informa a CNN.

 

ClimaInfo, 25 de outubro de 2023.

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