Seca e fogo na Amazônia podem intensificar queimadas no Pantanal

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Reprodução/Erisvaldo Almeida no Instagram

Agravamento da crise climática –  e, por consequência, dos eventos extremos – e El Niño podem ampliar fogo e seca no bioma, que já sofre com queimadas.

O Pantanal é uma região resultante do contato entre dois ou mais biomas fronteiriços. Sem as relações com Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica, ele não existiria da forma como é hoje. Ou seja, o que acontece nos biomas vizinhos pode afetar profundamente seu estado.

Por isso, especialistas ouvidos pelo g1 alertam que a seca extrema que atinge a Amazônia e o aumento de focos de incêndio na região elevam o risco de uma temporada de queimada e seca mais severa para o Pantanal. Os eventos extremos nos dois biomas têm relação direta com o agravamento das mudanças climáticas, combinado com o El Niño, reforçam os cientistas.

Mais seca na Amazônia quer dizer menos chuva, menos águas nos rios e igarapés e, com isso, menor evaporação de água. Logo, Centro-Oeste, onde fica o Pantanal, poderá sofrer mais com a falta de precipitações, já que a umidade atmosférica estará menor.

“Com a diminuição do número de evaporação de água na Amazônia, que traz águas para o Centro-Oeste, com a diminuição das matas ciliares no Cerrado, que é onde nascem os rios que banham o Pantanal, o aumento da seca é inevitável. Vários fatores da ação humana somados estão diminuindo a capacidade do Pantanal, que depende da água que vem de fora”, explica o biólogo e um dos diretores da ONG SOS Pantanal, Gustavo Figueirôa.

As consequências já são sentidas. Levantamento do INPE mostra aumento de 20% nos focos de incêndio no Pantanal em outubro, antes mesmo do mês terminar, frente a outubro do ano passado, informa o Campo Grande News. Foram 1.436 registros de queimadas até o fim da semana passada. O fogo já tinha devastado quase 260.000 hectares – mais de duas vezes a área da cidade do Rio de Janeiro –, segundo o g1.

O fogo no Pantanal atingiu o Parque Estadual Encontro das Águas, que detém a maior concentração de onças-pintadas do mundo. O Corpo de Bombeiros de Mato Grosso usa aviões para combater as chamas, que se espalham por áreas inacessíveis por terra, relatam Estadão, Terra e Folha. Segundo a corporação, o santuário das onças está sendo monitorado. Por enquanto, não houve registro de morte de felinos.

 

ClimaInfo, 25 de outubro de 2023.

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