Novo relatório da Rede WWF mostra que os países não estão no caminho certo para cumprir seus compromissos internacionais de redução do desmatamento para 2030.
As promessas de combate ao desmatamento não estão saindo do papel, alertou um novo relatório divulgado nesta semana pela Rede WWF. Só no ano passado, de acordo com o documento, a conversão e o desmatamento atingiram 6,6 milhões de hectares ao redor do mundo, com a perda de floresta tropical primária somando 4,1 milhões de ha.
Os números de 2022 representam uma alta de 4% em relação ao ano anterior e 21% acima do necessário para cumprir a meta global de zerar o desmatamento até 2030. A perda de florestas naturais segue em “taxas alarmantes” na América Latina, África, América do Norte e Europa, segundo a análise. A única região que está perto do caminho para atingir o desmatamento zero até o final da década é a Ásia.
O relatório mostrou também que quase a totalidade (96%) do desmatamento global em 2022 ocorreu em regiões tropicais, como é o caso da Amazônia e do Cerrado. A intensificação do desmate nessas áreas está transformando em emissores ecossistemas que eram sumidouros de carbono, o que pode intensificar ainda mais a crise climática.
“O mundo está falhando com as florestas, com consequências devastadoras em escala global. É impossível reverter a perda da natureza, enfrentar a crise climática e desenvolver economias sustentáveis sem florestas”, afirmou Fran Price, líder global de florestas do WWF. “Não precisamos de novos objetivos florestais: precisamos de ambição forte, rapidez e responsabilidade para cumprir os objetivos que já foram definidos”.
Além do cumprimento dos compromissos atuais, o relatório do WWF também sugeriu um plano com medidas essenciais para reverter a tendência global de destruição das florestas. Entre as ações recomendadas, estão o fim de investimentos e subsídios para atividades que prejudicam as florestas, restrições a commodities produzidas em cadeias contaminadas com desmatamento, e o reconhecimento dos direitosF à terra dos Povos Indígenas.
Independent, Mongabay, New Scientist, Reuters e The Times repercutiram o relatório do WWF. No Brasil, o documento foi abordado por veículos como Exame, Deutsche Welle e Globo Rural.
Em tempo: A Cúpula das Três Bacias, que se reúne nesta semana na República do Congo, pode ser uma oportunidade única para que nações com grande estoque de florestas tropicais, entre elas o Brasil, discutam coletivamente os desafios ambientais, sociais e econômicos da proteção florestal. No entanto, esse esforço precisa reconhecer e atender às demandas e aos Direitos dos Povos Indígenas, defenderam os representantes indígenas Rukka Sombolinggi (Aliança dos Povos Indígenas do Arquipélago/AMAN), Kleber Karipuna (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil/APIB) e Joseph Itongwa (Rede de Povos Indígenas e Locais para o Manejo de Ecossistemas Florestais da África Central/REPALEAC) em artigo no Le Monde Diplomatique. “Para nossos povos e comunidades, essas bacias não são apenas regiões geográficas: são nossos lares, nosso sangue vital e a encarnação de nosso patrimônio cultural”, escreveram.
ClimaInfo, 26 de outubro de 2023.
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