“A Colômbia não vai explorar petróleo na Amazônia. O Brasil vai. Os países estão olhando para um período de transição energética diferente”, disse German Mendoza.
Gustavo Petro, da Colômbia, e Luiz Inácio Lula da Silva são presidentes alinhados ideologicamente e com pensamentos similares em relação à transição energética. Entretanto, na avaliação do ministro de Comércio, Indústria e Turismo colombiano, German Umaña Mendoza, Brasil e Colômbia estão em lados distintos no tema. E a principal divergência envolve exploração de combustíveis fósseis na região amazônica.
“Nosso presidente diz que um é mais ambientalista que o outro, só não disse quem. Mas, basicamente, a Colômbia não vai explorar petróleo na Amazônia. O Brasil vai explorar petróleo na Amazônia”, disse Mendoza, fala destacada por Folha e Estadão durante encontro com jornalistas organizado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) em Bogotá, capital colombiana.
O ministro da Colômbia ressaltou que “os dois países estão olhando para um período de transição energética diferente. Lula e Petro pensam que é preciso fazer a transição, mas uns pensam que é responsabilidade de todos, que todos devem se comprometer, e outros que temos de mostrar que a transição precisa andar mais rapidamente”.
Segundo Mendonza, a maioria dos países do mundo está consciente de que é preciso substituir o petróleo e o carvão, além de acelerar a transição. Um claro recado para o Brasil, onde parte do governo defende explorar combustíveis fósseis na foz do Amazonas, região de altíssima sensibilidade ambiental. Os resultados, se positivos, somente deverão render volumes significativos de petróleo em seis anos, pelo menos.
A divergência entre Petro e Lula sobre a exploração de petróleo na região amazônica ficou evidente na Cúpula da Amazônia, em agosto. Enquanto o colombiano queria garantir no documento final do encontro uma data para o phase-out dos combustíveis fósseis, o brasileiro foi contrário, sendo apoiado por outros líderes pan-amazônicos.
Terra e MSN também noticiaram a avaliação de German Mendoza.
Em tempo: A produção brasileira de petróleo terá um salto nos próximos anos e vai atingir um novo pico no final da década, consolidando o país entre os grandes produtores da commodity, aponta um levantamento da gestora Kinea detalhado pelo Valor. A projeção é de que em seis anos o volume de petróleo brasileiro alcançará 5,1 milhões de barris diários, uma alta de 50% ante a marca atual. Esse número deve empurrar o país da nona para a quinta colocação entre os maiores produtores mundiais. E isso sem qualquer gota de combustível fóssil da foz do Amazonas.
ClimaInfo, 1º de novembro de 2023.
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