Cidades brasileiras crescem mais em áreas de risco a desastres climáticos

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Tomás Silva / Agência Brasil

Levantamento do MapBiomas mostra avanço da urbanização, especialmente de comunidades mais pobres e marginalizadas, em áreas suscetíveis a inundações e deslizamentos de terra no Brasil. 

A vulnerabilidade de grupos sociais mais pobres aos efeitos da mudança do clima é visível no mapa. Enquanto na média nacional, 3% da área urbana total está localizada em regiões de risco, nas favelas esse percentual é seis vezes maior, de 18%. Os dados são de um novo estudo divulgado nesta 3ª feira (31/10) pelo MapBiomas, que analisou imagens de satélite que abrangem o período entre 1985 e 2022.

Segundo a análise, o Brasil tem 123 mil hectares de áreas urbanas em regiões reconhecidamente suscetíveis a inundações, deslizamentos de terra, secas, estiagens e outros desastres climáticos. Enquanto a urbanização geral em áreas de risco aumentou 2,8 vezes entre 1985 e 2022, nas favelas esse aumento foi de 3,4 vezes. A cada 100 hectares de favela que surgiram no Brasil nesse período, 16,5 ha foram em áreas de risco.

Uma das situações de risco que mais chamam a atenção é a dos fundos de vales, áreas que ficam, no máximo, três metros de distância vertical do rio mais próximo. De acordo com o MapBiomas, existem 425 mil ha de áreas urbanas nessa situação de potencial vulnerabilidade a enchentes, mas que ainda não são reconhecidas como áreas de risco. Cerca de 2/3 (68%) dessa ocupação ocorreu nos últimos 38 anos. De cada 100 ha de urbanização, 11,5 deles foram em áreas muito suscetíveis a inundações. Nas favelas, essa expansão foi maior, de 17,3 ha para cada 100 ha urbanizados.

Outra preocupação está nas cidades costeiras, que estão expostas ao risco de elevação do nível do mar. A expansão das áreas urbanizadas na região costeira foi de 2,7 vezes entre 1985 e 2022. No ano passado, mais de 10% das áreas urbanizadas estavam em cidades litorâneas, sendo que 10 dos municípios que mais cresceram são capitais de estado.

“Os dados mostram uma situação preocupante, onde as ocupações precárias e com maior vulnerabilidade a eventos extremos cresceram rapidamente. Enquanto as áreas urbanas no Brasil triplicaram desde 1985, a ocupação muito próxima aos leitos dos rios quadruplicou e a ocupação em áreas de alta declividade quintuplicou no mesmo período”, afirmou Julio Pedrassoli, um dos coordenadores do mapeamento de áreas urbanizadas do MapBiomas.

Agência Brasil, Estadão, g1 e Projeto Colabora, entre outros, deram mais informações sobre o levantamento.

 

ClimaInfo, 1º de novembro de 2023.

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