Sem uma redução rápida das emissões de gases de efeito estufa, “orçamento do carbono” para 1,5ºC de aquecimento global pode ser estourado já em 2029.
Uma nova análise publicada na semana passada na revista Nature Climate Change mostrou que a janela de tempo para o mundo evitar um aquecimento superior a 1,5ºC neste século está cada vez mais estreita. Pior: se não houver uma redução substancial e acelerada das emissões nos próximos anos, as chances de superarmos essa marca antes mesmo do final da década aumentam em 50%.
O estudo faz a análise mais atualizada e abrangente do “orçamento do carbono” – o estoque de gases de efeito estufa que a humanidade pode liberar dentro do limite de 1,5ºC de aquecimento global neste século. De acordo com os autores, para uma probabilidade de 50% de cumprir esse limite, restam menos de 250 gigatoneladas de dióxido de carbono no orçamento global do carbono. No entanto, se as emissões permanecerem nos níveis de 2022 (cerca de 40 gigatoneladas de CO2), o orçamento estará esgotado por volta de 2029.
“As estimativas apontam para menos de uma década de emissões nos níveis atuais”, destacou Robin Lamboll, pesquisador do Imperial College London (Reino Unido) e autor principal do estudo. “A falta de progresso na redução das emissões significa que podemos ter cada vez mais certeza de que a janela para manter o aquecimento em níveis seguros está se fechando mais rapidamente”.
O estudo também calculou o orçamento do carbono para o limite de 2ªC de aquecimento até o final do século. Segundo o cálculo, para uma probabilidade de 50% de cumprir esse objetivo, o mundo tem aproximadamente 1.200 gigatoneladas de CO2. Se as emissões anuais se mantiverem no nível de 2022, esse estoque estará esgotado em 2046.
Associated Press, BBC e TIME abordaram as principais conclusões do estudo. O Correio Braziliense também repercutiu essas informações.
ClimaInfo, 6 de novembro de 2023.
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