Recordes sucessivos de poluição atmosférica causada por queimadas ameaçam população da região metropolitana de Manaus, que sofrem ainda com outros efeitos da seca na Amazônia.
A rotina recente da população de Manaus e de outras cidades amazônicas tem sido marcada pelo ar sujo e carregado das queimadas que consomem a Amazônia nesta temporada seca. A situação se agravou na última semana, quando a capital do Amazonas registrou níveis de qualidade do ar muito ruins ou péssimos por cinco dias consecutivos.
A poluição é tamanha que muitos estão recuperando as máscaras faciais utilizadas no auge da pandemia de COVID-19 para conseguir respirar com algum conforto. Mesmo assim, como assinalou o Estadão, em alguns momentos nem mesmo a máscara consegue dar conta de filtrar o nível excessivo de poluentes no ar manauara.
O ar poluído fica ainda mais pesado por conta da baixa umidade, efeito da estiagem histórica que atinge a região amazônica nos últimos meses. No último domingo (5/11), Manaus assistiu a uma incomum tempestade de areia causada pela passagem de fortes ventos que levantaram a poeira seca e deixaram o ar ainda mais carregado.
“Éramos para estar na entrada da estação chuvosa. Com a baixíssima umidade, estamos sofrendo com um processo bem comum em grandes cidades em períodos secos, a inversão térmica”, explicou à Folha o secretário de meio ambiente de Manaus, Eduardo Taveira.
As queimadas causaram também uma troca de acusações entre autoridades do Amazonas e do Pará. Isso porque, como assinalou o Metrópoles, imagens de satélite indicam que a maior parte da fumaça que cobre a região de Manaus é proveniente de incêndios na porção paraense da Amazônia. Enquanto o governo amazonense acusa o estado vizinho de não tomar medidas para conter as queimadas, as autoridades paraenses argumentam que não há confirmação de que a fumaça de Manaus venha do seu território.
“Ora, a questão não é essa. O fato é que hoje o Amazonas e o Pará aceleraram a destruição da Amazônia”, bem pontuou o BNC Amazonas. “A discussão que se tem que fazer é como conter esse calor. A discussão é como identificar os destruidores. A discussão é como punir. E como recuperar o estrago feito”.
Em tempo: O Financial Times destacou a gravidade da seca que afeta a Amazônia. Os efeitos do El Niño são lembrados como um fator importante por trás da estiagem, mas a reportagem também assinalou como o avanço do desmatamento deixa a Amazônia ainda mais vulnerável aos impactos da mudança do clima – e, mais grave, como o colapso ambiental amazônico ameaça empurrar a Terra para além dos pontos de inflexão de um clima ainda mais instável.
ClimaInfo, 8 de novembro de 2023.
Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.