Junção de mudança climática e El Niño intensificou o aquecimento global nos últimos 12 meses, que fecharam como o período anual mais quente já registrado.
A Terra acaba de experimentar sua sequência de 12 meses mais quente já registrada pela ciência, apontou a Climate Central em análise divulgada nesta 5ª feira (9/11). A partir de dados sobre temperatura e clima em 175 países e 920 cidades ao redor do mundo, os pesquisadores concluíram que a temperatura média global foi 1,3oC acima da média pré-industrial no período de 1º de novembro de 2022 a 31 de outubro de 2023.
No último ano, cerca de 7,3 bilhões de pessoas, o que corresponde a 90% da população global, experimentaram pelo menos dez dias de temperaturas fortemente influenciadas pelas mudanças climáticas. Segundo o Índice de Mudança Climática (CSI) do Climate Central, o calor registrado nesses dias atingiu nível 3 ou superior, indicando que essa temperatura mais alta se tornou pelo menos três vezes mais provável por conta das alterações do clima causadas pela concentração de gases de efeito estufa na atmosfera terrestre.
Nos últimos 12 meses, quase 2 bilhões de pessoas – ou uma em cada quatro pessoas – sofreram uma onda de calor extremo que durou pelo menos cinco dias e foi fortemente influenciada pelas mudanças climáticas. De acordo com a análise, o calor do último ano também está relacionado com a ocorrência do fenômeno El Niño, mas os pesquisadores alertaram que os efeitos dele continuarão sendo sentidos no próximo ano mesmo depois de seu desaparecimento, previsto para abril de 2024.
Entre os países, a Jamaica experimentou o nível de CSI mais alto do planeta nos últimos 12 meses, chegando a 4,5 de um máximo de 5. Ou seja, em um dia normal desse período, os jamaicanos registraram médias mais altas de temperatura que se tornaram pelo menos quatro vezes mais prováveis por causa da mudança climática. Guatemala (4,4) e Ruanda (4,1) também tiveram CSI acima de 4 no último ano. Já entre as cidades de grande porte (com pelo menos 1 milhão de habitantes), Santo Domingo e Santiago, ambas na República Dominicana, experimentaram o maior número de dias com calor extremo – 79 e 56, respectivamente.
“Os dados mostram que ninguém está seguro. Todo mundo experimentou um calor incomum causado pela mudança do clima em algum momento neste ano”, afirmou Andrew Pershing, cientista da Climate Central, à Associated Press.
Axios, Bloomberg, CNN, NBC News, Scientific American e Washington Post, entre outros, repercutiram a análise.
ClimaInfo, 10 de novembro de 2023.
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