Desmatamento zero garantiria liderança climática para o Brasil, aponta SEEG

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Emissões brasileiras de gases de efeito estufa caem 8% em 2022; país poderia dobrar meta climática para 2030 com desmatamento zero em todos os biomas.

O Brasil pode ampliar ainda mais a ambição de seus compromissos climáticos sob o Acordo de Paris. De acordo com dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima, o cumprimento da meta de zerar o desmatamento permitiria ao Brasil reduzir as emissões líquidas previstas do país para 2030 em 43%, caindo de 1,2 bilhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente (GtCO2e) para 685 milhões de toneladas (MtCO2e).

“O que os dados do SEEG mostram é que há muito espaço para aumento da ambição climática do Brasil. E, se o governo estiver falando sério sobre ser o grande defensor da meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5ºC acima da média pré-industrial, terá de aumentar a ambição de sua NDC atual já para 2030, como todos os grandes emissores precisam fazer”, observou David Tsai, coordenador do SEEG.

A 11ª edição dos dados do SEEG também mostrou uma queda de 8% das emissões de GEE do Brasil em 2022, puxada principalmente pela redução das emissões relacionadas ao desmatamento na Amazônia (-5%) e à geração termelétrica (-11%) no país, menos acionada no ano passado por conta das chuvas abundantes nos reservatórios hidrelétricos. Assim, as emissões brutas do Brasil saíram de 2,5 GtCO2e em 2021 para 2,3 GtCO2e em 2022.

Enquanto mudança de uso da terra e energia registraram redução em suas emissões, a agropecuária experimentou seu maior aumento anual de emissões desde 2003. A alta foi de 3% em 2022, puxada por um aumento do rebanho bovino. O setor representou 27% das emissões brutas do país no ano passado, atrás apenas de mudança de uso da terra (48%).

“Mesmo com a queda do consumo de fertilizantes, que reduziu as emissões na agricultura, tivemos essa elevação na pecuária que trouxe todo o setor para cima”, explicou Gabriel Quintana, do Imaflora.

Outro destaque foi a queda das emissões do setor de resíduos. Historicamente, essas emissões acompanham o aumento da população brasileira. Porém, os dados de 2022 apontam para uma queda de quase 1%, a primeira desde o começo da análise do SEEG. Essa redução está relacionada ao aumento da recuperação de metano para geração de energia em aterros sanitários.

Os dados do SEEG tiveram ampla repercussão na imprensa, com destaques em Capital Reset, Deutsche Welle, Estadão, Folha, g1, O Globo, Poder360 e Valor, entre outros.

 

ClimaInfo, 24 de novembro de 2023.

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