Queimadas: apenas três estados protocolaram projetos no Fundo Amazônia para combater incêndios

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Christian Braga / Greenpeace

Mesmo com R$ 405 milhões não reembolsáveis disponibilizados pelo Fundo Amazônia, muitos estados da Amazônia Legal não apresentaram projetos contra queimadas que usassem esses recursos.

Mesmo com a (anti) tempestade perfeita que atinge a região amazônica nos últimos meses, com calor extremo e seca histórica criando um ambiente mais do que propício para incêndios florestais, apenas três dos nove estados da Amazônia Legal apresentaram projetos de combate ao fogo ao Fundo Amazônia. Devido à gravidade da situação, o Comitê Orientador do Fundo (COFA) destinou R$ 405 milhões, não reembolsáveis. O valor por estado, antes de R$ 35 milhões, foi ampliado para R$ 45 milhões.

Acre, Pará e Rondônia já protocolaram propostas que, segundo o BNDES, gestor do Fundo Amazônia, têm ao menos parte voltada para o combate a incêndios. Ainda assim, “os projetos ainda se encontram em fase de análise, e os valores finais só estarão disponíveis quando forem aprovados”, disse o banco, em nota.

O BNDES vem se reunindo com os governos estaduais para ajudar a preparar os projetos e tentar fazer com que as propostas tenham interlocução entre si. Segundo a Folha, o banco está apto a receber propostas desde fevereiro. 

Internamente, membros dos governos estaduais e da gestão do fundo afirmam que a intenção principal é elaborar projetos capazes de evitar que se repita em 2024 o que ocorreu neste ano, quando o fogo tomou conta de várias extensões florestais. Também entendem que, como o Fundo Amazônia ficou paralisado durante o (des)governo do inominável, não houve tempo hábil, desde que Lula reativou o mecanismo, para elaborar propostas com impacto já em 2023.

Para Erika Berenguer, membra do Scientific Panel for the Amazon e pesquisadora-sênior das universidades de Oxford e Lancaster, na Inglaterra, a explosão das queimadas é resultado da combinação do El Niño, que torna o bioma mais quente e seco, com a herança deixada pelas piores taxas de desmatamento nos últimos quatro anos, amenizadas por terem ocorrido em um período mais úmido, de La Niña. Além, claro, das mudanças climáticas.

“Os modelos climáticos mostram que essas secas extremas vão se tornar cada vez mais frequentes e mais intensas, exacerbando os efeitos das mudanças climáticas. Se está mais quente, mais seco, é muito mais fácil a floresta pegar fogo. Precisamos pensar em soluções caso a gente não queira que incêndios florestais se tornem uma realidade da Amazônia. O que fazer para a floresta não queimar, dado que as mudanças climáticas estão postas?”, questionou, em entrevista à Agência Pública.

 

ClimaInfo, 29 de novembro de 2023.

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