“A infraestrutura pública do Brasil é particularmente vulnerável a choques climáticos em meio a uma rápida, não planejada e descontrolada urbanização”, destaca a entidade internacional.
Os eventos extremos resultantes da mudança climática estão prejudicando a infraestrutura brasileira e comprometendo o crescimento do país, avalia a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No relatório “Estudos Econômicos da OCDE: Brasil”, documento bianual com perspectivas para o país lançado na 2ª feira (18/12), a organização sugere planejamento nas obras públicas, novas políticas urbanas e o cumprimento mais amplo do Código Florestal.
No documento, a instituição cita estudo de 2021 do Banco Mundial que afirma que esses eventos diminuem o PIB em 1,3% atualmente, ressalta o Valor.
“A infraestrutura pública (do Brasil) é particularmente vulnerável a choques climáticos em meio a uma rápida, não planejada e descontrolada urbanização”, destacou a OCDE. Segundo a organização, tanto as secas como as enchentes trazem prejuízos à infraestrutura brasileira, destaca a Agência Brasil. “Secas frequentes e aumento das temperaturas vão criar desafios para fornecimento de energia, particularmente de fontes hidrelétricas”, destacou o relatório.
Em relação às chuvas, a OCDE ressalta os prejuízos que os deslizamentos e as enchentes trazem às cidades e ao transporte. “As enchentes compõem 65% dos riscos naturais (no Brasil), e os danos associados a enxurradas e deslizamentos foram responsáveis por 74% das mortes relacionadas a desastres naturais entre 1991 e 2010”, informa o documento.
A instituição sugere que “planejamento, financiamento e entrega [de obras] de infraestrutura deveriam considerar sistematicamente a resiliência climática, com apoios legislativo e orçamentário”.
Para combater as mudanças climáticas de maneira mais ampla, mecanismos de precificação de carbono, por exemplo, “serão essenciais para reduzir a emissão”. Além disso, “um cumprimento mais rigoroso do Código Florestal, somado a recursos mais adequados para agências regulatórios, devem ajudar” na redução do desmatamento, afirma o documento.
Em tempo: O Boletim da Litigância Climática no Brasil 2023, elaborado com base nos dados da Plataforma de Litigância Climática do Grupo de Pesquisa Direito, Ambiente e Justiça no Antropoceno (JUMA), da PUC-Rio, aponta que o Brasil viu evoluir o número de ações judiciais climáticas de 14, em 2018, para 70, até setembro deste ano. No momento, porém, já são 77 casos ajuizados envolvendo questões relacionadas ao clima, informa a Agência Brasil. A plataforma foi lançada em agosto do ano passado e o primeiro boletim, publicado em outubro, incluiu os primeiros 50 casos no país. De acordo com o Centro de Mudança do Clima da Columbia University, dos Estados Unidos, no chamado Sul Global, o Brasil seria o país com maior número de litígios climáticos.
ClimaInfo, 20 de dezembro de 2023.
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