Mudança climática: como 1ª região árida do Brasil pode impactar clima do país

23 de janeiro de 2024

Moradores do centro-norte da Bahia convivem com dificuldades, como falta de água e terra mais seca, na primeira região considerada como árida no Brasil. 

Os municípios de Abaré, Chorrochó e Macururé, todos na Bahia, são os primeiros do país a conviver permanentemente com um clima de deserto. Localizados no coração do semiárido nordestino, eles estão dentro da faixa de clima árido identificada recentemente por cientistas brasileiros. Como o g1 destacou, a seca deixou de ser uma ocorrência ocasional e passou a ser praticamente permanente.

De acordo com pesquisadores do INPE e do CEMADEN, um trecho de quase 6 mil km2 no centro-norte baiano pode ser considerado como árido – ou seja, de baixa umidade e precipitação quase inexistente. A análise, que foi divulgada em novembro passado, utilizou o cálculo de aridez da Convenção da ONU para o Combate à Desertificação (UNCCD), que leva em conta a média de chuvas em um intervalo de 30 anos e a evaporação potencial.

Além do surgimento de áreas áridas no Nordeste, o estudo também identificou o avanço das faixas de semiárido. Segundo a análise, nos últimos 60 anos, a taxa média de crescimento dessas áreas é de 75 mil km2 a cada duas décadas. Essa intensificação das condições secas está diretamente ligada aos efeitos da mudança do clima no Nordeste brasileira e em outras regiões do país.

“Infelizmente, a desertificação e a expansão de áreas semiáridas ou áridas é uma realidade, não só no Brasil, mas também em outros climas, como é o caso do Mediterrâneo”, explicou ao g1 o professor Marcio Cataldi, da Universidade Federal Fluminense (UFF/RJ). “A má distribuição das chuvas e a ocorrência de eventos extremos de chuva forte, isolados, parece estar alterando os biomas de forma mais rápida do que prevíamos”.

O estudo do INPE e CEMADEN mostrou que o clima está secando em praticamente todo o Brasil, com exceção pontual no Sul. Ao mesmo tempo, processos de desertificação podem se acelerar nas próximas décadas, mesmo em regiões onde hoje as condições são mais úmidas, como o Centro-Oeste.

O clima mais seco é uma ameaça não apenas para a segurança hídrica dos brasileiros, mas também alimentar e energética. A intensificação de estiagens e secas, bem como a ocorrência de chuvas mais fortes e rápidas, prejudica a produção agrícola. Da mesma forma, os padrões mais irregulares de chuva também afetam os reservatórios das usinas hidrelétricas, que representam cerca de 60% da matriz energética nacional.

“A adaptação a esse novo panorama climático requer a participação ativa de todos os setores econômicos e níveis governamentais. As consequências climáticas se interconectam em todo o país”, assinalou Javier Tomasella, pesquisador do INPE e coordenador do estudo.

A Tarde e Olhar Digital, entre outros veículos, também destacaram a análise do INPE e CEMADEN sobre o avanço do clima seco no Brasil.

 

ClimaInfo, 23 de janeiro de 2024.

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