Gigante da energia eólica sofre baque e corta novos projetos

Orsted eólica
Divulgação

A empresa dinamarquesa Ørsted suspendeu a distribuição de dividendos e reduziu suas metas para expansão da geração elétrica eólica após 12 meses de perdas econômicas.

Uma das maiores empresas de geração eólica do mundo, a Ørsted anunciou nesta semana um conjunto de ações para sair do vermelho depois de meses sucessivos de prejuízos financeiros. Além de suspender o pagamento de dividendos a seus acionistas, a empresa reduziu sua meta de desenvolvimento de capacidade de geração eólica até 2030 de 50 GW para entre 35 e 38 GW, além de provavelmente cortar até 800 postos de trabalho.

De acordo com os gestores da empresa, que tem a maior parte de suas ações controladas pelo governo da Dinamarca, as medidas permitirão uma operação “mais enxuta e eficiente” e não prejudicarão projetos em andamento, como o do maior parque eólico offshore do mundo, Hornsea 3, no Mar do Norte.

No último ano, a Ørsted tem enfrentado dificuldades, principalmente a inflação elevada, o aumento dos juros e as perturbações da cadeia de fornecimento. Em 2023, a empresa cancelou dois grandes projetos eólicos offshore nos EUA, por causa do forte aumento nos custos.

Além das mudanças estratégicas, a gestão também sofrerá alterações. O presidente da empresa, Thomas Thune Andersen, deixará o cargo depois de quase uma década. Em novembro, dois diretores também saíram da empresa por conta dos reflexos da crise.

Como o Financial Times destacou, a Ørsted – outrora queridinha do mercado de ações e exemplo de empresa petroleira em transição bem-sucedida para as energias renováveis – sofreu uma perda de 70% no preço de suas ações desde o pico em 2021. Em parte, as dificuldades são reflexos de uma aposta arriscada feita pela empresa no começo da década – a de investir em um crescimento agressivo no mercado offshore dos EUA, ainda embrionário.

A esperança da Ørsted é seguir o caminho da Vestas, a maior fabricante de turbinas eólicas do mundo. Também afetada pela crise no setor, a empresa voltou a ter lucro no 4º trimestre de 2023, após uma sequência de resultados trimestrais negativos. A Vestas fechou o ano passado com um lucro operacional anual de 231 milhões de euros, uma reviravolta em comparação com os 1,2 bilhão de euros de prejuízo em 2022.

A notícia saiu na Bloomberg, CNBC, Guardian, Reuters e Wall Street Journal. Já Bloomberg e Reuters repercutiram também os resultados da Vesta.

 

ClimaInfo, 9 de fevereiro de 2024.

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