Estudo aponta para colapso iminente de correntes oceânicas do Atlântico

AMOC colapso eminente
Ant Rozetsky - Unplash

A intensificação do degelo das calotas polares está interferindo nas correntes marítimas do Atlântico e pode provocar seu colapso mais cedo do que o esperado.

A humanidade se aproxima de mais um ponto de inflexão climática, com impactos potencialmente desastrosos ao redor do mundo. Um novo estudo divulgado na última semana na revista Science Advances concluiu que a quebra da Circulação Meridional do Atlântico (AMOC), precipitada pelo degelo acelerado das calotas polares, pode acontecer muito mais cedo do que o especulado.

Os pesquisadores utilizaram modelos climáticos e análises anteriores sobre a AMOC e desenvolveram um indicador de alerta precoce para essa quebra. De acordo com a análise, a circulação das águas do Atlântico caminha para uma mudança abrupta, o que não acontece há mais de 10 mil anos.

Os efeitos dessa ruptura podem ser devastadores. Isso porque a AMOC é composta por correntes marítimas que transportam calor e nutrientes dos trópicos para o Círculo Polar Ártico, onde essa água resfria e se concentra nas profundezas do oceano. Esse mecanismo ajuda a distribuir a energia pela Terra e modula o impacto do aquecimento global.

No entanto, o degelo acelerado no Ártico e na Groenlândia está alterando esse equilíbrio energético, despejando um volume grande de água doce fria no oceano. Estima-se que a AMOC tenha se enfraquecido cerca de 15% desde os anos 1950 e esteja em seu estado mais fraco em mais de um milênio.

“Esta é uma má notícia para o sistema climático e para a humanidade, pois até agora se pensava que o colapso da AMOC era apenas um conceito teórico e que ele seria irrelevante quando considerado todo o sistema climático global”, pontuaram os autores do estudo.

A análise também mapeou algumas consequências possíveis da quebra da AMOC. Por exemplo, o nível do mar no Atlântico aumentaria até 1 metro em algumas regiões, inundando muitas cidades costeiras. Já na Amazônia, haveria uma mudança nas estações de chuva e seca, o que colocaria o bioma mais próximo de seu colapso ecossistêmico. Em geral, as temperaturas no Hemisfério Sul ficariam mais altas, enquanto na Europa as temperaturas desabariam drasticamente.

O estudo teve grande repercussão na imprensa, com destaques em veículos como CNN Brasil, Correio Braziliense, Estadão, Um Só Planeta e VEJA. No exterior, a notícia também foi abordada pelo Guardian e Washington Post, entre outros.

 

ClimaInfo, 15  de fevereiro de 2024.

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