Exploração dos EUA no Golfo do México causa embate entre petroleiras e ativistas climáticos

Golfo do México petróleo
Gerald Herbert/AP via TheGuardian

Recursos judiciais surgem quatro meses depois de o Departamento do Interior do país ter revelado um plano de arrendamento de áreas offshore, exigido pelo Congresso.

Empresas e associações do setor de petróleo e gás fóssil e grupos ambientalistas entraram na 2ª feira (12/2) com contestações legais ao plano de 5 anos do governo Biden de oferecer blocos para explorar combustíveis fósseis no Golfo do México. Entretanto, as razões são completamente antagônicas. As petroleiras querem mais áreas, enquanto os ambientalistas contestam a segurança dos planos estadunidenses de explorar mais óleo.

Em uma petição apresentada ao Tribunal de Apelações dos EUA para o Distrito de Columbia, o American Petroleum Institute (API) argumenta que o plano de arrendamento do Golfo do México para 2024-2029 “limita o acesso” à energia, informam Financial Times, Reuters, Guardian e The Hill. Com isso, segundo a entidade, o país ficaria à mercê de fontes energéticas estrangeiras. 

“A procura por energia acessível está crescendo, mas esta administração tem usado todas as ferramentas para restringir o acesso a vastos recursos energéticos em águas federais”, disse o conselheiro geral da API, Ryan Meyers.

Já o grupo ambientalista EARTHJUSTICE apresentou uma petição separada desafiando o plano do Departamento do Interior dos EUA em nome de outras oito organizações ambientais. A entidade alega que a agência federal não considerou adequadamente os impactos na saúde que o plano de perfuração offshore teria nas comunidades locais.

As contestações judiciais surgem quatro meses depois do Departamento do Interior ter revelado um plano de arrendamento offshore, exigido pelo Congresso, que incluía apenas três ofertas de áreas para exploração de combustíveis fósseis. É a menor oferta de blocos desde que o governo começou a publicar os cronogramas, em 1980.

Em tempo 1: Se em casa o governo Biden tenta restringir a exploração de combustíveis fósseis, o mesmo não acontece no exterior. De acordo com o Climate Home News, o Ex-Im Bank – agência federal estadunidense de crédito à exportação – está avançando com planos para apoiar a perfuração de mais de 450 novos poços de petróleo e gás fóssil num dos campos de extração mais antigos do Oriente Médio, no Bahrein. O conselho da instituição votou na semana passada para notificar o Congresso dos EUA sobre o investimento potencial, um passo necessário para projetos acima de US$ 100 milhões. Observadores disseram que é quase certo que o financiamento para explorar mais combustíveis fósseis no Bahrein será garantido já no próximo mês.

Em tempo 2: A tradicionalíssima Universidade de Oxford está sendo duramente criticada depois que seu fundo patrimonial de 6 bilhões de libras (R$ 37, 5 bilhões) aumentou seus investimentos em combustíveis fósseis apenas alguns anos após fazer um compromisso histórico de desinvestimento, informa o Financial Times, em matéria reproduzida pela Folha. Embora seus investimentos sejam pequenos, a exposição indireta do fundo aos combustíveis fósseis aumentou de 0,32% para 0,52% entre 2021 e 2022, de acordo com relatórios publicados. Em 2020, Oxford afirmou que abandonaria todos os investimentos diretos em combustíveis fósseis após pressão contínua de estudantes e acadêmicos. No entanto, isso não se aplica à exposição indireta, mantida por meio de investimentos com gestores de ativos externos.

Em tempo 3: Socorristas e voluntários de Trinidad e Tobago, arquipélago paradisíaco localizado no Mar do Caribe, tentavam conter um derramamento de petróleo detectado na semana passada nas águas do país. A guarda costeira detectou o vazamento pela primeira vez em 7 de fevereiro. O óleo poluiu 15 km de praias de uma das ilhas do arquipélago. A origem do combustível é do navio Gulfstream, que naufragou há quase uma semana próximo a um parque industrial no sul da ilha de Tobago. Arrastada pelas correntes, a embarcação encalhou perto da costa. Segundo o governo do país, existem indícios de que o barco foi abandonado para afundar, já que as autoridades locais não receberam nenhum pedido de socorro. O derramamento de óleo foi noticiado por Guardian, CNN, BBC, CBS, Reuters, O Globo, Agência Brasil e Correio Braziliense.

 

ClimaInfo, 15  de fevereiro de 2024.

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