Depois de reportagem, presidente do partido, Valdemar Costa Neto, recomenda destituição de Darci Alves Pereira, réu confesso e condenado, a deixar posição em Medicilândia (PA).
Mais uma polêmica no partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Uma reportagem de Cristiane Prizibisczki no site ((o)) eco revelou que o assassino confesso do líder sindical Chico Mendes assumiu a presidência do PL no município de Medicilândia, no oeste do Pará, em janeiro deste ano.
Darci Alves Pereira, condenado a 19 anos de prisão pelo crime junto com o pai dele, Darly Alves da Silva, comandava o PL de Medicilândia desde novembro do ano passado, mas a cerimônia oficial de posse só ocorreu no último mês. O evento contou com a participação do deputado estadual Rogério Barra, secretário-executivo do partido no Pará e padrinho político de Darci.
O crime foi cometido em dezembro de 1988 e causou grande comoção internacional. Darci e Darly foram condenados pela morte de Chico Mendes em 1990. Em dezembro de 1993, a dupla fugiu da cadeia e só foi recapturada em 1996. Três anos depois, Darly obteve o direito de cumprir sua pena em prisão domiciliar por conta de problemas de saúde. Já Darci foi para o regime semiaberto, por bom comportamento.
O passado criminoso de Darci vinha sendo mantido em segredo. Publicamente, ele se apresenta como “Pastor Daniel”, ligado à Assembleia de Deus da Última Hora, e dono de uma fazenda produtora de cacau e gado. Uma moradora de Medicilândia disse à reportagem que só “os mais poderosos” da cidade sabiam do passado de “Daniel”.
Ao que parece, pelo menos publicamente, o presidente nacional do PL, o ex-deputado Valdemar Costa Neto, não figura entre esses “mais poderosos”. O político afirmou que desconhecia que “Pastor Daniel” fosse, na verdade, um dos assassinos de Chico Mendes. “Agradeço à imprensa por trazer ao nosso conhecimento esse importante fato. Diante dessas circunstâncias, recomendei ao presidente estadual do PL no Pará, deputado Éder Mauro, a imediata destituição de Darci Alves Pereira do cargo.”
A notícia causou grande repercussão entre lideranças políticas em Brasília, mas não surpreendeu aqueles que convivem há mais de 30 anos com a dor da perda de Chico Mendes. “Ter uma pessoa na presidência de um partido como o PL, de extrema-direita e que tanto mal causou ao país, cuja família sempre viveu através de ilícitos, para mim é a representação da maioria do Congresso que a gente tem hoje”, lamentou Ângela Mendes, filha do líder sindical.
A polêmica foi amplamente abordada pela imprensa, com matérias na CartaCapital, CNN Brasil, Congresso em Foco, Folha, g1, Metrópoles, O Globo e UOL, entre outros.
ClimaInfo, 29 de fevereiro de 2024.
Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.