No ritmo atual, os resíduos devem atingir 3,8 bilhões de toneladas anuais até meados deste século, excedendo previsões de um relatório anterior do Banco Mundial.
Há um lema bastante conhecido – ou que deveria ser – que diz que “do ponto de vista do planeta, não existe “jogar fora”. Todos os resíduos que produzimos ficam aqui, se não do nosso lado, em algum lugar próximo. O problema é que o lixo que geramos não para de crescer. E impacta a biodiversidade, o clima – a decomposição de resíduos orgânicos é fonte de metano, um dos piores gases de efeito estufa – e, obviamente, a nossa sobrevivência.
Em 2023, o volume de resíduos no planeta foi de 2,3 bilhões de toneladas. E se esse ritmo continuar, chegaremos a 3,8 bilhões de toneladas em 2050, número que exclui resíduos industriais e de construção. Os dados são do relatório Global Waste Management Outlook 2024, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP, sigla em inglês).
A menos que sejam tomadas medidas urgentes, a produção global de resíduos aumentará, impulsionada em grande parte pelas economias em rápido crescimento, incluindo países da Ásia e da África Subsaariana, onde muitas nações já lutam para gerir os atuais níveis de produção de lixo, informa a Reuters. A crise será aguda em países que usam métodos poluentes para tratar resíduos, como aterros sanitários ou incineração a céu aberto, que resultam na poluição do solo e na emissão de gases de efeito estufa, como o metano, ou gases poluentes, como o carbono negro.
“Apesar dos esforços, pouco mudou”, indica o novo relatório. “A humanidade até retrocedeu, gerando mais resíduos. Há bilhões de pessoas que não dispõem de um sistema de coleta dos seus resíduos”, indica o documento. Nos países ricos o essencial é coletado, mas nos de baixa renda a taxa é inferior a 40%, destaca a Folha.
Em 2020, o custo direto global da gestão de resíduos foi estimado em cerca de US$ 252 bilhões. Somando os custos indiretos da poluição, problemas de saúde e mudanças climáticas resultantes de práticas inadequadas de eliminação de resíduos, o valor sobe para US$ 361 bilhões. Sem ação urgente, até 2050 esse custo anual global poderia quase dobrar, alcançando incríveis US$ 640,3 bilhões, destaca a UNEP.
A modelagem do relatório mostra que controlar os resíduos, adotando medidas de prevenção e gestão, pode limitar os custos líquidos anuais até 2050 a US$ 270,2 bilhões. No entanto, as projeções indicam que um modelo de economia circular, onde a geração de resíduos e o crescimento econômico são desvinculados por meio da adoção de práticas comerciais sustentáveis e uma gestão completa de resíduos, poderia, na verdade, resultar em um ganho líquido total de US$ 108,5 bilhões por ano.
UOL, IstoÉ, edie.net, The Print, WION e Business Green também repercutiram o novo relatório da UNEP sobre a geração de lixo no planeta.
ClimaInfo, 1⁰ de março de 2024.
Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.