Volume de lixo vai crescer 60% até 2050, ameaçando biodiversidade e clima

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Senado Federal / Wikimedia Commons

No ritmo atual, os resíduos devem atingir 3,8 bilhões de toneladas anuais até meados deste século, excedendo previsões de um relatório anterior do Banco Mundial.

Há um lema bastante conhecido – ou que deveria ser – que diz que “do ponto de vista do planeta, não existe “jogar fora”. Todos os resíduos que produzimos ficam aqui, se não do nosso lado, em algum lugar próximo. O problema é que o lixo que geramos não para de crescer. E impacta a biodiversidade, o clima – a decomposição de resíduos orgânicos é fonte de metano, um dos piores gases de efeito estufa – e, obviamente, a nossa sobrevivência.

Em 2023, o volume de resíduos no planeta foi de 2,3 bilhões de toneladas. E se esse ritmo continuar, chegaremos a 3,8 bilhões de toneladas em 2050, número que exclui resíduos industriais e de construção. Os dados são do relatório Global Waste Management Outlook 2024, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP, sigla em inglês).

A menos que sejam tomadas medidas urgentes, a produção global de resíduos aumentará, impulsionada em grande parte pelas economias em rápido crescimento, incluindo países da Ásia e da África Subsaariana, onde muitas nações já lutam para gerir os atuais níveis de produção de lixo, informa a Reuters. A crise será aguda em países que usam métodos poluentes para tratar resíduos, como aterros sanitários ou incineração a céu aberto, que resultam na poluição do solo e na emissão de gases de efeito estufa, como o metano, ou gases poluentes, como o carbono negro.

“Apesar dos esforços, pouco mudou”, indica o novo relatório. “A humanidade até retrocedeu, gerando mais resíduos. Há bilhões de pessoas que não dispõem de um sistema de coleta dos seus resíduos”, indica o documento. Nos países ricos o essencial é coletado, mas nos de baixa renda a taxa é inferior a 40%, destaca a Folha.

Em 2020, o custo direto global da gestão de resíduos foi estimado em cerca de US$ 252 bilhões. Somando os custos indiretos da poluição, problemas de saúde e mudanças climáticas resultantes de práticas inadequadas de eliminação de resíduos, o valor sobe para US$ 361 bilhões. Sem ação urgente, até 2050 esse custo anual global poderia quase dobrar, alcançando incríveis US$ 640,3 bilhões, destaca a UNEP.

A modelagem do relatório mostra que controlar os resíduos, adotando medidas de prevenção e gestão, pode limitar os custos líquidos anuais até 2050 a US$ 270,2 bilhões. No entanto, as projeções indicam que um modelo de economia circular, onde a geração de resíduos e o crescimento econômico são desvinculados por meio da adoção de práticas comerciais sustentáveis e uma gestão completa de resíduos, poderia, na verdade, resultar em um ganho líquido total de US$ 108,5 bilhões por ano.

UOL, IstoÉ, edie.net, The Print, WION e Business Green também repercutiram o novo relatório da UNEP sobre a geração de lixo no planeta.

 

 

ClimaInfo, 1 de março de 2024.

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