Petrobras deve reduzir pagamento de dividendos para financiar transição energética, diz Prates

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Agência Senado / Flickr

Segundo o presidente da Petrobras, em 10 anos, cerca de metade da receita da companhia virá das fontes eólica e solar e de combustíveis renováveis.

Não é de hoje que a Petrobras vem sendo cobrada para fazer investimentos efetivos em fontes renováveis e iniciar o abandono dos combustíveis fósseis. Até mesmo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), que representa seus trabalhadores, pediu recentemente mais rapidez nessa virada de chave. O comando da empresa e integrantes do governo argumentam que a petroleira precisa explorar e produzir mais petróleo e gás fóssil para financiar essa mudança. Agora, ao que parece, há outra alternativa no radar.

Em entrevista à Bloomberg Línea, reproduzida pelo Valor, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que a companhia deve ser mais cautelosa na distribuição de dividendos, à medida em que busca se tornar uma potência em energia renovável. Nas entrelinhas, o que Prates disse é que a empresa deve repartir uma parte menor dos lucros com seus acionistas, convertendo parte do que seria distribuído em investimentos na transição energética.

“Precisamos ser cautelosos. Os acionistas vão entender. Eu seria mais conservador do que agressivo. Estamos no meio dessa grande decisão de nos tornarmos uma empresa de petróleo em transição”, explicou o executivo.

Em 10 anos, cerca de metade da receita da Petrobras virá das fontes eólica e solar e de combustíveis renováveis, e a empresa está se preparando para fazer aquisições já neste ano para impulsionar essa mudança, afirmou Prates. Mas também lembrou que a petroleira precisa gastar muito em exploração para garantir que continue bombeando petróleo bruto por décadas – a péssima ideia do “até a última gota”, ainda que o clima do planeta não suporte isso.

A Petrobras foi a segunda maior pagadora de dividendos no setor global de petróleo em 2022, ficando atrás apenas da gigante árabe Saudi Aramco. Por isso, acionistas e o dito “mercado” fizeram previsões bastante robustas para uma distribuição significativa de recursos. A distribuição de dividendos será anunciada em 7 de março, quando a petroleira vai anunciar seus resultados de 2023.

A fala de Prates, embora ajude a salvar o planeta, jogou água no chope dos rentistas. Os papéis da Petrobras despencaram na B3, após a empresa bater recordes de valor de mercado na bolsa de valores por semanas, informam Valor, O Globo e Estadão. As ações da petroleira fecharam o pregão com quedas superiores a 5%, puxando o Ibovespa, que caiu 1,16%, de acordo com o Valor.

A petroleira tentou acalmar os rentistas após a fala de Prates. Em nota à CVM, afirmou que “não há qualquer decisão tomada em relação à distribuição de dividendos ainda não declarados”, relatam Valor e Money Times.

 

 

ClimaInfo, 1 de março de 2024.

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