JBS é acusada de propaganda climática enganosa e processada nos EUA

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Reprodução Instagram / newyorkstateag

Procuradoria-geral de Nova York entra com ação contra subsidiárias do grupo por enganarem o público ao dizerem que vão zerar suas emissões líquidas até 2040.

Denúncias recorrentes de que a JBS não rastreia corretamente sua cadeia produtiva e ainda compra gado criado em áreas de desmatamento ilegal já eram uma “pedra no sapato” nos planos do grupo brasileiro de lançar ações na Bolsa de Nova York. Agora a abertura de capital nos Estados Unidos se tornou ainda mais difícil, após a empresa ser acusada de propaganda enganosa quanto às suas emissões de gases de efeito estufa – greenwashing, no linguajar ESG.

A procuradora-geral de Nova York, Letitia James, entrou com uma ação contra a JBS USA Food Company e a JBS USA Food Company Holdings, subsidiárias estadunidenses do grupo, informam Reuters e Folha, acusando-as de “enganarem o público sobre seu impacto ambiental”. A ação alega que a JBS fez declarações enganosas sobre o seu histórico quanto às mudanças climáticas, incluindo afirmações de que alcançará emissões líquidas zero até 2040.

A procuradora citou várias situações nos últimos anos em que a JBS afirmou estar no caminho para atingir emissões líquidas zero. Uma delas ocorreu num evento do New York Times em setembro passado, quando o CEO global da empresa, Gilberto Tomazoni, foi entrevistado ao vivo.

Na ocasião, Tomazoni disse que a JBS estava trabalhando para reduzir suas emissões, lembra O Globo. “Estamos muito confiantes de que estamos fazendo um ótimo trabalho nesse sentido”, disse ele. “E veja, nós nos comprometemos a ser zero líquido em 2040”, completou. A declaração foi considerada enganosa pelo Conselho Nacional de Revisão de Publicidade (NARB, na sigla em inglês).

“Em 2021, o grupo JBS, controlador global da JBS USA, relatou emissões totais de gases de efeito estufa de mais de 71 milhões de toneladas, mais do que as emissões totais de alguns países”, destacou Letitia James, em comunicado. Assim, Letitia busca impedir que a JBS USA continue com “essas práticas de marketing falsas e enganosas, e [que a companhia] pague a restituição de todos os lucros obtidos ilicitamente e as penalidades”, acrescentou.

Como era de se esperar, a JBS disse discordar da ação e que leva a sério o seu compromisso com um futuro mais sustentável para a agricultura. “A JBS continuará a colaborar com agricultores, pecuaristas e parceiros do nosso sistema alimentar ao redor do mundo para ajudar a alimentar uma população em crescimento, utilizando menos recursos e reduzindo o impacto ambiental da agricultura”, disse, em nota.

A Bloomberg lembra que a pegada climática da indústria alimentícia é imensa, representando cerca de um terço das emissões globais de gases de efeito estufa. O gado, que emite metano, representa 14,5% das emissões mundiais. A Iniciativa de Metas Baseadas na Ciência (SBTi a sigla em inglês), agência apoiada pela ONU que avalia as metas de emissões líquidas zero das empresas, recomenda que o setor de alimentos e agricultura reduza as emissões em 3% ao ano entre 2020 e 2030.

Estadão, Carta Capital, AP, Wall Street Journal, Guardian, Globo Rural e Brazil Journal também repercutiram a ação contra a JBS nos EUA por greenwashing.

 

 

ClimaInfo, 1 de março de 2024.

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