Falta de controle sobre desmatamento dificulta entrada da JBS na Bolsa de NY

19 de janeiro de 2024
JBS Bolsa de Nova York
Divulgação JBS

Ilegalidade e falta de controle da cadeia produtiva da empresa levaram parlamentares a se posicionarem contra sua entrada na maior bolsa de valores do mundo.

Nas últimas semanas, parlamentares norte-americanos enviaram cartas à Security and Exchange Commission (SEC, equivalente à Comissão de Valores Mobiliários no Brasil) contra a listagem da brasileira JBS na Bolsa de Valores de Nova York, a maior do mundo.

A justificativa é a falta de controle da JBS sobre o desmatamento ilegal em suas cadeias produtivas. Para esses parlamentares, a entrada da empresa na Bolsa de NY pode ampliar as possibilidades de financiamento para expansão de seus negócios, o que intensificaria os impactos ambientais de sua operação.

“Dezenas de reportagens e de organizações da sociedade civil mostraram que a JBS está ligada a mais destruição de florestas e outros ecossistemas do que qualquer outra empresa no Brasil. [A JBS] tem afirmado repetidas vezes que eliminará o desmatamento [de sua cadeia de fornecimento], mas não tomou medidas significativas para fazê-lo”, apontou uma das cartas, assinada por 15 senadores democratas e republicanos.

O veto à JBS não se limita aos EUA. Neste mês, um grupo de parlamentares do Reino Unido também se manifestou contrário à entrada da empresa na Bolsa de Nova York. Para os representantes britânicos, o frigorífico tem “um histórico bem-documentado de envolvimento em desmatamento, violação de Direitos Humanos e apropriação de terras de comunidades indígenas”. A Bloomberg deu mais detalhes.

O descontrole sobre o desmatamento é um problema antigo e frequente da JBS no Brasil. No ano passado, a empresa foi acusada, com outros três frigoríficos, de comprar gado criado ilegalmente dentro da Reserva Extrativista (RESEX) Jaci-Paraná (RO), a Unidade de Conservação proporcionalmente mais desmatada da Amazônia. Um levantamento do Ministério Público Federal (MPF) também apontou que a empresa segue comprando gado criado em áreas ilegais no Amazonas, Mato Grosso e Pará. 

Associated Press, Folha e Metrópoles repercutiram a ofensiva dos parlamentares norte-americanos contra a JBS.

Em tempo: Para surpresa de ninguém, a bancada ruralista vem recorrendo à desinformação nas redes sociais para minimizar os impactos negativos do setor e promover sua agenda política no Congresso Nacional. Um levantamento feito pelo Netlab, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, classificou a comunicação digital da Frente Parlamentar da Agropecuária como “discurso tóxico” – ou seja, um conteúdo com algum grau de desinformação e/ou greenwashing. Entre os temas distorcidos pelos ruralistas, estão a questão do marco temporal para demarcação de Terras Indígenas, a CPI sobre o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e o “PL do Veneno” que libera os agrotóxicos. A notícia é da Agência Pública.

 

ClimaInfo, 19 de janeiro de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar