Mesmo com avanços, cadeia de fornecimento da JBS ainda tem irregularidades em quatro estados

JBS cadeia fornecimento
Fernando Martinho/Repórter Brasil

Pelo terceiro ciclo consecutivo, gigante do setor é apontada pelo MPF como um dos piores frigoríficos do Pará com relação à procedência dos animais adquiridos.

Dados divulgados na 5ª feira (26/10) pelo Ministério Público Federal (MPF) mostram que a JBS teve 6,1% de inconformidade em suas compras no Pará. Na prática, isso significa que os animais que a empresa abateu neste estado vieram de áreas irregulares, como fazendas desmatadas ilegalmente, com embargos, situadas dentro de Terras Indígenas ou que utilizaram mão de obra escrava. Foi o terceiro ciclo de fiscalização seguido no qual a JBS figurou entre os piores frigoríficos do Pará quanto à procedência dos animais adquiridos para abate.

A companhia também apresentou problemas em outros três estados da Amazônia – nos quais pela primeira vez houve auditoria padronizada, destaca a Repórter Brasil. Em Rondônia, 12% dos animais abatidos tinham origem irregular, assim como 10% da amostra auditada no Acre e 2% em Mato Grosso. Os dados foram sistematizados em 2023, mas as transações são do período de julho de 2020 a dezembro de 2021.

No Pará, o MPF considera como insatisfatórios valores iguais ou acima de 5%. A média de irregularidades entre todos os 13 frigoríficos auditados no estado foi de 4,81% – o que mostra como a JBS ainda está bem acima da curva de irregularidades.

Apesar do resultado ruim neste ano, na série histórica a JBS apresenta melhora no Pará. No primeiro ciclo de fiscalização, a inconformidade da empresa foi de 19,1%; caiu para 8,3% no segundo ciclo; saltou para 32% no terceiro, baixou para 16,7% no quarto e agora está em 6,1%. Mas outros frigoríficos que atuam no estado, como Masterboi, Minerva e Mercúrio, alcançaram 100% de conformidade.

De acordo com o MPF, as inconformidades estão em queda na cadeia da carne em território paraense, informa o Pará Terra Boa. Os 4,81% de inconformidades registrados pelos empreendimentos no ciclo de fiscalização deste ano são o menor nível desde o início das auditorias, no ciclo 2018. Naquele ano, o índice de irregularidades no setor era de 10,4%.

Houve avanços neste ciclo, o primeiro unificado nos estados da Amazônia Legal (Amazonas, Acre, Mato Grosso, Pará e Rondônia) sobre as exigências estabelecidas aos frigoríficos pelo Termo de Ajustamento de Conduta da Pecuária (“TAC da Carne”) fechado com o MPF. Entretanto, segundo o procurador Daniel Cesar Azeredo Avelino, a auditoria apontou que todas as dezenas de companhias auditadas ainda têm problemas com fornecedores indiretos, relata o InfoMoney.

“Temos que comemorar e aplaudir as empresas que se dedicaram nesse processo. Mas ainda estamos longe do nosso objetivo final, que é afirmar de maneira categórica que não há gado de origem ilegal na produção brasileira. E só vamos alcançar isso quando houver rastreabilidade individual”, disse Avelino à Globo Rural.

Outro problema é a falta de colaboração dos governos estaduais, destaca ((o))eco, o que prejudicou a realização de uma análise mais efetiva da legalidade do setor. Dos cinco estados signatários do acordo com o MPF que proíbe a compra de gado de fazendas com desmatamento ilegal, apenas três – Pará, Amazonas e Acre – disponibilizaram os dados necessários para a auditoria realizada pelo órgão.

 

ClimaInfo, 30 de outubro de 2023.

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Errata:

Segundo o MPF, pelo terceiro ciclo consecutivo a gigante do setor de carnes foi um dos piores frigoríficos do Pará quanto à procedência dos animais adquiridos para abate, e não o pior, como inicialmente publicado. O texto original foi devidamente corrigido em 31/10 às 20:03