Governo estuda contratar baterias para armazenamento em leilão de energia

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Expansão das fontes eólica e solar poderá ser ampliada com sistemas de armazenamento elétrico, que também diminuem necessidade de implantação de termelétricas a gás fóssil.

A integração de baterias e outros sistemas de armazenamento de energia ao sistema elétrico nacional está mais próxima de se tornar realidade. Depois de receber sugestões do setor privado, o governo avalia incluir tais sistemas no leilão de reserva de capacidade que está previsto para acontecer no final de agosto. Se confirmado, será a primeira vez que equipamentos desse tipo vão participar de um certame para contratação de energia promovido pelo Executivo, lembra a Folha.

Com a armazenagem, cai por terra em definitivo a falácia da intermitência das fontes eólica e solar, que costuma ser acionada em prol da termeletricidade a combustíveis fósseis. Assim, a expansão eólica e solar no Brasil pode ser acelerada – uma urgência global já apontada pela Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em Inglês). E acaba com a necessidade de instalar mais térmicas a gás fóssil no país para “garantir” energia aos consumidores.

A portaria publicada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) no Diário Oficial da União sobre o leilão de reserva tratava apenas da contratação de hidrelétricas e termelétricas. No entanto, fontes do MME disseram que o ministro Alexandre Silveira decidiu atender o pleito do setor e avaliar a contratação de sistemas de armazenamento elétrico, explica o Valor.

Entretanto, Silveira aguarda análise das áreas técnicas da pasta que comanda, segundo essas mesmas fontes. Além disso, não há regulamentação para o uso de armazenamento de energia em baterias. E existe também o receio de que sua inclusão no leilão de reserva de capacidade possa afetar o cronograma da licitação.

Ainda que haja várias pendências, a chance de contratação de baterias e sistemas de armazenamento pelo governo mexeu positivamente com o setor elétrico. Empresas já veem a possibilidade para desengavetar projetos de expansão e a adoção de novas tecnologias, destaca o Valor.

A NewCharge já mapeou mais de 50 projetos de armazenamento com baterias no Brasil, entre projetos de P&D e comerciais, com capacidade instalada de aproximadamente 100 MWh. Isso não considera pequenos sistemas de eletrificação rural com painéis solares e baterias, na Amazônia e no Nordeste.

Empresa de transmissão de eletricidade, a ISA CTEEP é uma das maiores entusiastas desses sistemas. A companhia defende o uso de baterias como alternativa de reserva de energia para dar segurança ao sistema elétrico nacional e evitar a geração elétrica a combustíveis fósseis. A empresa foi precursora no uso de baterias como reserva e afirma que a alternativa é viável.

A expansão do armazenamento de energia elétrica é uma tendência mundial. Um relatório da empresa de inteligência tecnológica ABI Research mostra que a capacidade agregada mundial de armazenamento de baterias no segmento de empresas comerciais e industriais vai atingir 124 GWh até 2030, crescendo a uma taxa de crescimento anual composto de 31,6%, relata o Canal Energia. Assim, os sistemas de armazenamento de energia em baterias (BESS, sigla em inglês) estão indo além das redes públicas e instalações residenciais, chegando no comércio e na indústria.

Em tempo: Na China, a rápida adoção dos veículos elétricos pelos consumidores está fazendo crescer no país a quantidade de montadoras “zumbis” de carros a combustão. Um dos exemplos dados pelo Financial Times, em matéria traduzida pela Folha, é a coreana Hyundai. Em 2017, a montadora investiu US$ 1,15 bilhão em uma nova fábrica em Chongqing, sudoeste chinês, com o objetivo de atingir uma produção anual de 300 mil carros com motor a combustão. Mas, seis anos depois, a rápida adoção dos veículos elétricos pelos chineses estagnou as vendas, forçando a Hyundai a vender a fábrica em dezembro por menos de um quarto do valor do investimento.

 

ClimaInfo, 19 de março de 2024.

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