Encontro de ministros em Copenhague tenta destravar caminhos para COP29

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Srvora/English Wikipedia

A capital dinamarquesa recebe cerca de 40 ministros e negociadores para discutir a implementação dos compromissos da COP28 e a agenda para a próxima conferência.

A menos de oito meses da próxima Conferência da ONU sobre o Clima (COP29), que acontecerá no Azerbaijão, um grupo de ministros e negociadores se reúne nesta semana na Dinamarca para definir as bases para o processo de negociação climática de 2024. A Conferência Ministerial de Copenhague é o primeiro encontro de alto nível desde a COP28 de Dubai, realizada no ano passado.

A tarefa dos negociadores não é simples. Além de discutir a implementação dos compromissos firmados nos Emirados Árabes na última COP, eles também abordarão a agenda de negociação até a próxima conferência, em Baku. Três itens emergem com maior destaque nessa discussão: o próximo ciclo das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) para o Acordo de Paris, a transição energética e o financiamento internacional para ação climática.

Em nota, a Climate Action Network (CAN International), principal rede de organizações da sociedade civil voltadas para a questão climática, pediu mais ambição por parte dos negociadores para avançar nas discussões. O grupo também lembrou que os países precisam seguir a meta de aquecimento de, no máximo, 1,5C até o final do século.

“Esta reunião é uma oportunidade para forjar um compromisso contínuo nessa direção. Dada a conjuntura crítica para as decisões sobre o financiamento climático, a reforma do sistema financeiro e a atualização das NDCs, uma elaboração urgente de cotas justas é vital para garantir a entrega justa e equitativa dos resultados decididos na COP28”, apontou a CAN.

“O mundo não pode se permitir outro ciclo de NDCs que não responda à ciência, ou seja, que não resulte em uma redução coletiva de 43% das emissões de CO equivalente em 2030 e 60% em 2035 em comparação com os níveis de 2019”, destacou Manuel Pulgar-Vidal, líder global de clima do WWF-Internacional e ex-presidente da COP20 de Lima (Peru, 2014).

Pulgar-Vidal também reforçou a importância da retomada da confiança entre países ricos e pobres para destravar as discussões sobre financiamento climático. “É imperativo que o mundo chegue a um acordo sobre um Novo Objetivo Coletivo Quantificado [NCQG, sigla em Inglês] para que as finanças públicas possam responder às necessidades dos países em desenvolvimento, em especial os mais vulneráveis.”

Se os itens de discussão para a COP29 parecem volumosos, o comando da Conferência de Baku trabalha para “simplificar” a agenda de negociação. Segundo o Axios, o principal executivo do governo azeri para a COP29, Elnur Soltanov, defendeu que os negociadores se concentrem “em questões que podemos cumprir”. Para Soltanov, que também é vice-ministro de Energia do Azerbaijão, há um “cansaço” em relação a agendas extensas de negociação.

O ritmo proposto por Soltanov contrasta com a urgência crescente do problema climático. Como bem colocou a ex-diplomata Laurence Tubiana, uma das arquitetas do Acordo de Paris, a crise climática não liga para os dilemas e a lentidão da diplomacia. “As ações existem, mas é tudo muito devagar. E a mudança do clima não liga a mínima para a diplomacia. [Ela] está acontecendo”, disse ao Valor.

 

 

ClimaInfo, 21 de março de 2024.

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