Planos de expansão de megapetroleiras podem causar cerca de 11,5 milhões de mortes prematuras

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Divulgação bp

Levantamento da Global Witness destaca impactos climáticos de novos projetos de combustíveis fósseis das maiores petroleiras, que podem aumentar ainda mais a temperatura média global.

A insistência das principais empresas de combustíveis fósseis do mundo em seguir adiante com novos planos de expansão da produção de petróleo e gás, a despeito dos repetidos alertas da ciência para uma redução imediata e substancial dessas fontes sujas de energia, poderá resultar em cerca de 11,5 milhões de mortes prematuras adicionais só por conta do calor.

A estimativa é da Global Witness, que divulgou nesta semana uma análise sobre os impactos climáticos dos projetos de expansão de produção de empresas como Shell, BP, TotalEnergies, ExxonMobil e Chevron. A partir do custo da mortalidade do carbono, desenvolvido por um pesquisador da Universidade de Columbia (EUA), o levantamento fez a primeira comparação do tipo entre as emissões de carbono dos principais players da indústria fóssil e as mortes relacionadas com o calor.

Esse custo estima que cada 1 milhão de toneladas métricas de CO2 emitidas em 2020 causará 226 mortes adicionais relacionadas com o excesso de calor nos próximos 80 anos. A análise cruza essa referência com a produção de petróleo e gás do Big Oil e seus planos recentes de expansão produtiva desses combustíveis fósseis.

Considerando dados da consultoria Rystad Energy, a Global Witness projetou que os planos de expansão das cinco maiores empresas de combustíveis fósseis do mundo garantirão a emissão de 51 bilhões de toneladas de CO2 até 2050. Isso significa que essas emissões adicionais implicarão mais aquecimento, o que será responsável por cerca de 11,5 milhões de mortes prematuras até 2100.

A análise tenta isolar o impacto em termos de mortes prematuras adicionais para cada uma das cinco empresas analisadas. A ExxonMobil lidera o ranking, com seus planos de expansão relacionados com cerca de 3,1 milhões de mortes adicionais por causa do calor até o final do século, seguida pela Chevron (2,4 milhões), BP (2,1 milhões), Shell (2 milhões) e TotalEnergies (1,9 milhão).

Por outro lado, a análise também projeta as mortes adicionais por calor em um cenário de emissões mais baixas. De acordo com a Global Witness, se o mundo reduzir drasticamente suas emissões e se descarbonizar até 2050, a mortalidade associada às emissões do Big Oil seria reduzida para 5,5 milhões, menos da metade das mortes estimadas no pior cenário. Uma redução a zero seria inviável por causa das operações atuais dessas empresas, que já garantem um patamar de aquecimento mesmo que o mundo atinja o net-zero até meados deste século.

“A menos que os principais players [da indústria fóssil] mudem rapidamente seu rumo, o número de mortos será comparável a algumas das guerras mais brutais da história. Cada 0,1oC de aquecimento pode ser letal”, argumentou a Global Witness. “Os governos devem intervir, mitigar o impacto do calor extremo e acelerar urgentemente o fim dos combustíveis fósseis”.

O Guardian deu mais informações sobre a análise da Global Witness.

Em tempo: A organização Public Citizen está levando adiante seus planos para processar as empresas de combustíveis fósseis que operam nos EUA pelas mortes causadas por eventos climáticos extremos. O principal argumento, além das emissões de carbono atreladas às operações dessas empresas, é o fato de que muitas delas, como a ExxonMobil, passaram décadas escondendo pesquisas que apontavam para o impacto de seus negócios sobre o clima global. Para os juristas envolvidos nessa articulação, a indústria precisa ser responsabilizada criminalmente por essa atuação negacionista e diversionista. A notícia é do Guardian.

 

ClimaInfo, 21 de março de 2024.

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