Petrobras inicia projetos de desenvolvimento de geração eólica offshore

31 de março de 2024
Brasil eólicas offshore
Túlio Thomé / Brazil Windpower 2023

A estatal iniciará estudos para a exploração de energia eólica offshore, com projetos-piloto em dois estados e simulações sobre desempenho da empresa em futuros leilões.

A Petrobras confirmou na semana passada o “sinal verde” para uma série de estudos e projetos-piloto sobre geração eólica offshore, vista pela empresa como uma das áreas mais promissoras para a transição energética no país. A ideia da empresa é adquirir expertise no tema e se preparar para viabilizar empreendimentos eólicos offshore quando houver os primeiros leilões públicos, o que deve acontecer entre 2029 e 2030.

Os projetos-piloto serão realizados no litoral do Rio Grande do Norte e do Rio de Janeiro, com a instalação de dois aerogeradores marinhos. A iniciativa fará parte de um projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da Petrobras com previsão de implementação até 2029.

“Queremos instalar dois aerogeradores para ganhar experiência, analisar, se preparar”, disse Mauricio Tolmasquim, diretor de transição energética e sustentabilidade da Petrobras. “Ainda não está definido o tamanho, a ideia é que se tenha o maior aerogerador disponível no mercado e que o fabricante queira trazer”.

Como o Valor explicou, as turbinas usadas na geração eólica offshore podem chegar a 15 MW de potência, mais do que o dobro dos equipamentos utilizados em projetos terrestres. Os aerogeradores deverão ser importados, já que as fábricas brasileiras não produzem turbinas com essa capacidade. 

A geração eólica offshore é uma das mais promissoras para as energias renováveis no Brasil. A Petrobras possui requisições de geração offshore que somam 30 GW junto ao IBAMA, sendo que cerca de 7 GW estão associados a um projeto integrado com a Equinor.

Tolmasquim confirmou também o início de quatro projetos comerciais para organizar a área interna de governança da estatal, de forma a preparar a empresa para os futuros leilões de áreas. Segundo a epbr, dois projetos estão em áreas no Nordeste, um no Sudeste e outro no Sul do Brasil.

Não é apenas a Petrobras que aguarda ansiosa pela geração eólica offshore no Brasil. Diversas empresas esperam por avanços regulatórios, em especial a aprovação do projeto de lei n. 5.932/2023, para destravar novos investimentos no país. O texto foi aprovado em novembro na Câmara dos Deputados, mas ainda não foi analisado pelo Senado Federal.

“É o momento, é importante e necessário [votar o PL]. Se o Brasil não abrir a porta, os investidores estão olhando no mundo onde poderão alocar seus investimentos”, disse Roberta Cox, do Conselho Mundial de Energia Eólica (GWEC), ao Valor.

A tramitação não deverá ser simples, já que o texto aprovado pelos deputados contém uma série de “jabutis” que inclui a prorrogação da contratação de energia de usinas termelétricas a carvão mineral até 2050 e a prorrogação dos descontos em tarifas de uso de sistemas de distribuição e transmissão para energias renováveis. Especialistas e representantes do setor elétrico defendem que essas emendas sejam retiradas do texto.

Enquanto isso, o governo federal segue se preparando para quando o marco regulatório da geração eólica offshore for aprovado. Segundo o secretário de transição energética e planejamento do Ministério de Minas e Energia, Thiago Barral, os técnicos da pasta estão estudando casos internacionais para evitar que o Brasil cometa os mesmos erros que prejudicaram o setor eólico global no último ano.

“A gente acompanhou alguns casos em que os leilões, os mecanismos competitivos, eles basicamente se davam a partir de quem pagasse mais pelo direito de aproveitar aquela área e, em alguns casos, essa estratégia não foi bem-sucedida”, afirmou Barral, citado pela Reuters. Erros na precificação da energia baseada nos custos resultaram no cancelamento de projetos em vários países onde a fonte já está consolidada.

 

 

ClimaInfo, 1 de abril de 2024.

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