Sete mil garimpeiros seguem atuando ilegalmente na Terra Yanomami

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Marcos Amend/Greenpeace

O número de garimpeiros caiu 65% em um ano, mas ainda é expressivo e causa preocupação sobre a segurança de indígenas; governo promete mais fiscalização.

Estimativas do Ministério dos Povos Indígenas divulgadas na semana passada apontam que o número de garimpeiros ilegais na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, caiu 65% desde o começo das ações de desintrusão dos invasores e de auxílio humanitário às comunidades indígenas, há pouco mais de um ano. Dos cerca de 20 mil garimpeiros presentes até o começo do ano passado, em torno de 13 mil deixaram o território.

Entretanto, a presença persistente de 7 mil garimpeiros na Terra Yanomami, mesmo com as restrições de acesso impostas pelo governo federal em 2023, mostra o tamanho do desafio que o poder público ainda enfrenta na região. Os dados foram apresentados durante coletiva na última 3ª feira (26/3) na Casa de Governo, novo órgão federal responsável pela coordenação das ações no território Yanomami, em Boa Vista (RR).

Desde o começo do ano, o governo vem anunciando novas medidas para intensificar a fiscalização e a proteção das populações indígenas na Terra Yanomami. A principal delas foi a Operação Catrimani, um esforço conjunto do MPI com o Ministério da Defesa para facilitar a distribuição de cestas básicas e medicamentos às aldeias.

De acordo com o governo federal, cerca de 200 comunidades foram atendidas desde o começo do ano com 11,8 mil cestas básicas distribuídas pela Marinha, pelo Exército e a Aeronáutica, sob coordenação da FUNAI. Com isso, os pontos de entrega de alimentos dentro do território aumentaram de 90 para 177, beneficiando em especial as áreas mais críticas, como Auaris e Surucucu.

O próximo foco de ação será a desintrusão do restante dos garimpeiros que ainda permanecem no território Yanomami. “O objetivo a partir de agora é a gente se debruçar em um planejamento estratégico para a retirada dos garimpeiros, mas também da retomada do território pelo Povo Yanomami”, destacou Nilton Tubino, diretor da Casa de Governo.

Folha de Boa Vista e g1 repercutiram o balanço das ações recentes do governo federal na Terra Yanomami.

Em tempo 1: A retirada dos garimpeiros iniciada no ano passado animou, ao menos em um primeiro momento, os profissionais de saúde que passaram os últimos anos sitiados pelo garimpo na Terra Yanomami. No entanto, os tropeços do governo federal, causados e/ou intensificados pela falta de cooperação dos militares, trouxe mais preocupação a quem se dedica à saúde dos indígenas. Em entrevista à Sumaúma, a enfermeira Clara Opoxina falou sobre os desafios que persistem no atendimento básico às comunidades Yanomami. Para ela, mesmo com a redução do garimpo, falta o crucial – a presença efetiva do poder público no território.

Em tempo 2: A crise Yanomami é apenas um dos problemas atuais da agenda indígena no Brasil. Para a ministra Sonia Guajajara, os Direitos dos Povos Originários seguirão sob pressão no Congresso Nacional com a ofensiva antiambiental da bancada ruralista. “Acho que em relação à pauta indígena, [a tensão entre Executivo e Legislativo] tende a piorar cada vez mais, porque são interesses do agronegócio, das mineradoras, desse setor industrial que depende da exploração dos territórios. Eles vão continuar batalhando para impedir a demarcação de Terra Indígena”, disse ao jornal O Globo.

 

 

ClimaInfo, 1 de abril de 2024.

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