União Europeia abre nova investigação sobre subsídios à indústria chinesa de painéis solares

UE painéis solares China
Xinhua via SCMP

A Comissão Europeia analisa possíveis “práticas desleais” de empresas chinesas de energia solar em um projeto de geração na Romênia financiado com recursos da UE. 

O tiroteio diplomático entre Europa e China na seara das energias renováveis ganhou uma nova saraivada na semana passada. A Comissão Europeia abriu um inquérito que visa apurar se empresas chinesas de geração de energia solar teriam recorrido a “práticas desleais” durante a contratação de um projeto solar na Romênia parcialmente financiado com recurso da União Europeia.

O inquérito mira em específico duas empresas subsidiárias de grupos chineses, a LONGi Green Energy Technology e a Shanghai Electric Group. “Há indicações suficientes de que ambas receberam subsídios estrangeiros que distorcem o mercado interno [da UE]”, destacou a Comissão Europeia em nota. AFP, CNN, Deutsche Welle, Financial Times, Reuters, South China Morning Post e Washington Post, entre outros, repercutiram a notícia.

A decisão acontece em um momento crítico para as indústrias de tecnologia verde na Europa. Frente aos compromissos climáticos assumidos pela UE, a indústria europeia não está conseguindo conter o avanço de suas concorrentes chinesas no mercado continental. O preço mais baixo e o grande volume de produção resultaram em uma inundação de equipamentos chineses de geração solar na Europa.

Como a Bloomberg destacou, a UE também está ensaiando medidas para restringir a entrada de carros elétricos chineses em seu mercado. Em outubro, a Comissão Europeia abriu um inquérito que também analisa “práticas desleais” das companhias chinesas associadas a subsídios do governo de Pequim.

Do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos também sinalizam a possibilidade de medidas restritivas às indústrias chinesas de tecnologia renovável por conta de subsídios governamentais. A questão foi um dos obstáculos que travaram a mais recente rodada de discussões comerciais entre EUA e China, realizada na semana passada em Pequim.

A secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen, não descartou a possibilidade da Casa Branca aplicar novas tarifas por conta do “excesso de capacidade” da indústria chinesa de energias renováveis. Outra reclamação é a imposição, por parte de Pequim, de restrições comerciais às empresas norte-americanas de tecnologia verde.

“Eu não descartaria nada neste momento. Precisamos manter tudo em cima da mesa. Queremos trabalhar com os chineses para ver se conseguimos encontrar uma solução”, disse Yellen, citada pela CNBC. “Algumas das técnicas que [os chineses] utilizam, como subsidiar fortemente as suas empresas e depois apoiá-las mesmo quando estão perdendo dinheiro, são inaceitáveis do ponto de vista dos EUA, e muitos dos nossos aliados pensam o mesmo”.

Associated Press, Financial Times, NY Times e Reuters, além de Folha e Valor, abordaram as discussões comerciais entre EUA e China.

 

ClimaInfo, 9 de abril de 2024.

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