Queda expressiva de preços aquece mercado de painéis fotovoltaicos na Europa

painéis fotovoltaicos Europa
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Boom na produção da China “inundou” o mercado de painéis fotovoltaicos na Europa, o que tem permitido usos criativos do equipamento, como cercas de jardim.

A imagem é curiosa. Ao invés de tábuas de madeira ou tijolos, alguns construtores europeus estão utilizando painéis fotovoltaicos para montar cercas de jardim e muros de residências. Esse uso criativo é resultado direto da queda expressiva dos preços desses equipamentos no mercado europeu nos últimos meses, viabilizada pela oferta crescente de produtores da China.

O Financial Times abordou essa tendência curiosa na Europa. Mesmo com as limitações de geração de energia solar com os painéis fincados na vertical, consumidores e analistas apontam que esse uso economiza nos custos de instalação, já que não exige mão de obra especializada em instalações mais altas, como nos telhados.

“Por que construir uma cerca comum quando você pode simplesmente instalar um monte de painéis solares, mesmo que não estejam alinhados exatamente com o sol? Onde os painéis são incrivelmente baratos, as restrições acabam se tornando os custos de instalação e os locais. Você adquire um pouco da mentalidade do “faça você mesmo”, afirmou Martin Brough, chefe de pesquisa climática do BNP Paribas Exane.

Mas a saturação do mercado de painéis fotovoltaicos causa preocupação entre os governos europeus. Muitos fabricantes locais estão enfrentando dificuldades para competir com os produtos mais baratos vindos da China, o que vem resultando em corte de postos de trabalho e fechamento de fábricas.

No final de março, o custo associado à instalação de painéis solares na Europa estava na casa dos 11 centavos de dólar por watt. Para analistas, um preço abaixo dos 15 centavos de dólar por watt inviabiliza a produção doméstica desses equipamentos em condições normais de concorrência, sem qualquer ajuda dos governos europeus.

Um dos países europeus que mais perdem com a concorrência dos painéis fotovoltaicos chineses é a Alemanha, outrora grande produtora desses equipamentos. Como o NY Times destacou, os produtores alemães estão se desdobrando para conseguir sobreviver à concorrência chinesa e estão cobrando incentivos das autoridades de Berlim para se manter no mercado.

Mas nem todos estão convencidos de que o protecionismo é o caminho mais adequado. Isso porque as tarifas impostas pela UE sobre os painéis solares chineses entre 2013 e 2018 tiveram efeito mínimo na proteção dos fabricantes europeus. Além disso, qualquer restrição que afete a adoção da geração solar pode comprometer os objetivos climáticos dos países europeus, bem como a segurança energética.

A Folha publicou uma tradução da reportagem do FT.

 

ClimaInfo, 4 de abril de 2024.

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