Exxon lidera ofensiva contra tratado em negociação na ONU sobre poluição plástica

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Greenpeace / Park Village, Studio Birthplace

A petroleira estadunidense produziu 11,2 milhões de toneladas métricas de polietileno no ano passado e opera uma planta de reciclagem química para plásticos no Texas.

De onde menos se espera é que não vem nada mesmo, diz a máxima. É o caso da ExxonMobil. A petroleira estadunidense que já sabia há cerca de 50 anos que a queima de combustíveis fósseis agrava as mudanças climáticas continua apostando alto no aumento da produção de petróleo e gás. E de quebra, atua para atrapalhar planos que limitem tanto a extração de combustíveis fósseis como o banimento dos plásticos derivados de petróleo. 

A mais nova da Exxon é que a empresa está liderando uma reação da indústria petroquímica contra os planos de limitar a produção de plásticos antes das negociações da ONU sobre o primeiro tratado legalmente vinculante destinado a reduzir a poluição, que volta a ser negociado nesta semana. Karen McKee, chefe de soluções de produtos da ExxonMobil, uma das maiores produtoras de plástico do mundo, disse ao Financial Times que “o problema é a poluição, não é o plástico. Um limite na produção de plástico não nos servirá em termos de poluição e meio ambiente”. Como também já se sabe que a reciclagem do plástico é uma balela, a fala denota o cinismo da Exxon sobre o tema.

Mais de 4.000 delegados e observadores de países estão reunidos em Ottawa, no Canadá, desde 3ª feira (23/4), na quarta e penúltima rodada de negociações da ONU para intermediar um acordo para o plástico (INC-4, sigla em Inglês). Discordâncias sobre como os 400 milhões de toneladas de resíduos plásticos anuais devem ser gerenciados têm impedido as negociações.

Os países estão sob pressão para progredir no tratado, mas enfrentam negociações tensas na capital canadense, com partes profundamente divididas sobre o que o documento deve incluir, informam Reuters e Guardian. Se os governos conseguirem chegar a um acordo juridicamente vinculante que aborde não apenas a forma como os plásticos são descartados, mas também a quantidade de plástico produzido e como este é utilizado, o tratado poderá se tornar o pacto mais significativo desde o Acordo de Paris, em 2015.

“É muito importante que estejamos negociando este tratado agora. O mundo está numa tripla crise, com mudanças climáticas, perda de biodiversidade e poluição. Mas embora existam acordos em vigor para os dois primeiros, não temos legislação, nem acordo global sobre a poluição plástica”, ressaltou Luis Vayas Valdivieso, embaixador do Equador no Reino Unido e presidente da rodada de negociações.

Uma série de estudos sobre plástico foram divulgados nas últimas semanas, lembra a Bloomberg. Um deles foi feito pelo Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, dos Estados Unidos, que calculou a poluição de carbono criada na produção de plásticos. A pesquisa revelou que atualmente o mundo emite 2,24 gigatoneladas de CO2e anualmente – quase o mesmo que 600 termelétricas movidas a carvão.

POLITICO, AP, npr, BBC, Climate Change News e O Globo trataram da nova rodada de negociações da ONU sobre poluição dos plásticos.

Em tempo: Ambientalistas e cientistas enviaram um manifesto a diversos ministérios e à Casa Civil pedindo que o Brasil assuma sua parcela de responsabilidade sobre a poluição por plásticos. Assinado por 71 organizações da sociedade civil – entre elas, o Instituto ClimaInfo. O documento pede que o país contribua para que esta resolução seja realmente um instrumento

 eficaz e ambicioso em seu propósito de reduzir a poluição por plástico. Alerta para a ampla gama de impactos negativos que essa poluição causa no meio ambiente, na segurança alimentar, na economia e na emergência climática. E também chama atenção também para o fato de que a poluição plástica se tornou uma questão de saúde pública, já que cientistas encontraram partículas de plástico na corrente sanguínea, na placenta, em fetos, no pulmão e em diversos outros órgãos vitais humanos, destacam ((o))eco e Brasil de Fato.

 

ClimaInfo, 24 de abril de 2024.

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