China e EUA se reúnem para abordar clima em meio a tensões geopolíticas e pré-eleitorais

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Enviado especial chinês para mudanças climáticas, Liu Zhenmin, irá a Washington para uma 1ª reunião formal presencial com o seu homólogo dos EUA, John Podesta.

Os esforços dos Estados Unidos e da Europa para conter a liderança da China em tecnologias verdes podem estagnar a luta contra a crise climática global. Essa é a avaliação de Liu Zhenmin, veterano diplomata encarregado pelo presidente chinês Xi Jinping de representar o país, hoje o maior emissor de gases de efeito estufa do planeta, em questões climáticas. O que mostra o nível de tensão geopolítica não apenas em relação às mudanças do clima, mas também em outros pontos como comércio e segurança.

Nomeado em janeiro como enviado especial da China para mudanças climáticas, Zhenmin parte neste mês para suas primeiras reuniões presenciais nos EUA desde que assumiu o cargo, informam Bloomberg, Reuters e Business Insider. Em uma delas encontrará seu homólogo dos EUA, John Podesta.

As conversas ocorrem em um momento crucial para a cooperação internacional. Afinal, permanecem o ceticismo sobre promessas de eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, as disputas contínuas sobre financiamento para países em desenvolvimento e o crescente protecionismo comercial direcionado às cadeias de abastecimento de energia limpa.

Em busca da reeleição, o presidente Joe Biden tenta se distanciar de produtos chineses essenciais para resolver a crise climática, como painéis solares, veículos elétricos, baterias e semicondutores. Os EUA desejam proteger suas fábricas da concorrência de produtos mais baratos, o que, por sua vez, poderia afetar a economia da China e arriscar desacelerar a transição verde.

Já os chineses estão sob pressão para parar de construir novas usinas de carvão, a forma mais poluente de produção de energia. Isso porque a expansão compromete a promessa do país de que suas emissões de gases de efeito estufa começarão a diminuir após 2030.

Apesar dos conflitos, especialistas em relações climáticas entre EUA e China esperam que a visita possa ajudar os dois negociadores a construir confiança antes da COP29, explica a Bloomberg. Particularmente, apostam em algum avanço nas negociações em um grupo de trabalho que surgiu das conversas na Califórnia no ano passado.

As eleições estadunidenses são outro ponto que pode mudar o xadrez climático global. Li Shou e Lauri Myllyvirta explicam no Project Syndicate que muitos não conseguem imaginar a China liderando a definição de metas climáticas. Mas se o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, retornar à Casa Branca, existe a possibilidade do país preencher a lacuna na liderança climática global ao anunciar metas audaciosas de redução de emissões para 2035. A conferir.

Em tempo: Falando em COP29, a Anistia Internacional acusa autoridades do Azerbaijão, que vai sediar a conferência do clima em novembro, de prenderem Anar Mammadli, chefe do Centro de Monitoramento Eleitoral e Estudos sobre Democracia e cofundador da Iniciativa Clima de Justiça no país. O Ministério do Interior azeri confirmou a detenção, e segundo a irmã de Mammadli, ele é oficialmente suspeito de “contrabando mediante conspiração prévia por um grupo de pessoas”. Além disso, teve o acesso ao seu advogado negado quando mantido em um centro de detenção temporária em Baku, capital do país. “As autoridades azerbaijanas devem cessar imediatamente sua campanha de intimidação contra a sociedade civil e parar de deter cinicamente seus críticos antes da COP29. Isso já levou à duvidosa perseguição criminal de vários ativistas e jornalistas proeminentes. A prisão de Anar Mammadli é mais um exemplo flagrante dessa tendência perturbadora”, disse Natalia Nozadze, pesquisadora do Cáucaso Sul da Anistia Internacional.

 

 

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ClimaInfo, 6 de maio de 2024.

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