A década chinesa no mercado de carros elétricos: do projeto ao predomínio global

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UN Photo / Jean-Marc Ferré

Desde 2014, o governo de Xi Jinping vem colocando a expansão da produção de carros elétricos como uma prioridade da indústria automotiva chinesa, com sucesso.

A traulitada tarifária imposta recentemente pelos EUA aos carros elétricos importados da China até poderia causar alguma preocupação imediata para as montadoras do país asiático – se tivesse acontecido pelo menos cinco anos atrás. Hoje, mesmo com os petardos de Washington e das capitais europeias, a indústria chinesa parece estar em posição relativamente segura para manter o predomínio global do setor, ao menos no médio prazo.

Essa posição chinesa não foi fruto de medidas imediatistas, como a elevação de 100% das tarifas sobre carros elétricos importados pelo governo de Joe Biden nos EUA. A Bloomberg reconstituiu esse caminho desde 2014, quando o presidente Xi Jinping fez um discurso no qual defendeu que a China assumisse a dianteira do desenvolvimento tecnológico dos veículos eletrificados.

Há dez anos, a China vendeu cerca de 75 mil carros elétricos híbridos e exportou cerca de 533 mil carros. O mercado chinês era dominado por fabricantes estrangeiros, como Volkswagen e GM, todos produzindo veículos a combustão. A mudança começou a partir da chegada de outra montadora fora da China, a norte-americana Tesla, que impulsionou seus concorrentes locais a avançar na mobilidade elétrica.

Uma década depois, o predomínio chinês é nítido. O país é o maior produtor global de carros elétricos, com 9,5 milhões de unidades montadas no ano passado. Os chineses também controlam a maior parte da cadeia de fornecimento de baterias, um “Calcanhar-de-Aquiles” para os planos de expansão elétrica das concorrentes ocidentais.

Os avanços da indústria automotiva chinesa no segmento elétrico, junto com a lentidão das montadoras europeias e norte-americanas em seus planos de eletrificação, criaram as condições para a “inundação” atual de carros elétricos importados da China.

As tarifas, um caminho natural em situações desse tipo, eram até esperadas. Mas ainda há uma grande polêmica mesmo nos EUA em torno da efetividade dessa medida. Por exemplo, o bilionário Elon Musk, dono da Tesla, que chegou a defender o aumento das tarifas de importação sobre os carros elétricos chineses, criticou a medida do governo norte-americano, colocando-se contrário a ações que distorcessem o mercado. BBC, Guardian e Reuters repercutiram essa crítica.

Bloomberg (reproduzida por Estadão) e CNBC abordaram as dificuldades que EUA e Europa enfrentam hoje para barrar a entrada da concorrência chinesa.

 

 

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ClimaInfo, 29 de maio de 2024.

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