Capitais investem R$ 9 bi em drenagem, mas não reduzem população vulnerável a inundações

bancos financiam enchentes RS
Defesa Civil/RS

Relevância dos investimentos em drenagem urbana chamou atenção com tragédia climática no Rio Grande do Sul, que reforçou a urgência de medidas de adaptação climática.

Entre 2017 e 2022, 18 capitais brasileiras, além de Brasília, ampliaram os investimentos em redes de drenagem e manejo de águas pluviais, uma cifra que chegou a R$ 9,3 bilhões ao todo. No mesmo período, o número de residências vulneráveis a inundações seguiu crescendo, saindo de 633 mil para 781 mil – um aumento de 23,3%.

Os dados, analisados pelo Broadcast, em matéria reproduzida por UOL, IstoÉ, IstoÉ Dinheiro, Jornal do Commercio e O Tempo, são do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), administrado pelo Ministério das Cidades, a partir de informações anuais fornecidas pelas prefeituras. O relatório mais recente foi divulgado em janeiro, com base nas declarações municipais feitas em 2023 sobre os trabalhos realizados em 2022.

No Rio Grande do Sul, Porto Alegre, que chegou a ter 14 mil desabrigados com as enchentes, declarou gasto acumulado de R$ 281 milhões ao SNIS de 2017 a 2022. No mesmo período, as residências com maior risco de inundação mais que dobraram, passando de 5 mil para 11,7 mil.

Chama a atenção as oscilações de investimentos de um ano para o outro. Em Curitiba, por exemplo, foram gastos R$ 15,3 milhões em 2017; R$ 7,6 milhões em 2018; R$ 39,7 milhões em 2019; R$ 142 milhões em 2020; R$ 20 milhões em 2021; e R$ 35,9 milhões em 2022.

Apesar das cifras milionárias, a maioria das capitais não alcançou uma relação entre aumento de investimentos e redução de residências mais vulneráveis a inundações. Entre 2017 e 2022, 11 apontaram aumento de endereços nessa situação; 12 indicaram redução; e quatro mantiveram os mesmos números.

O aumento mais expressivo em quantidade foi no Rio de Janeiro, que estimava ter 326 mil residências em maior risco em 2017 e 438 mil em 2022, um acréscimo de 34%. Já Manaus registrou um aumento de quase 600% nas residências vulneráveis, de 5,6 mil para 39 mil. Em São Paulo houve estabilidade, com 41,6 mil residências.

Em tempo 1: Com 90 mil habitantes, Serra Talhada, no sertão de Pernambuco, é o primeiro município de médio porte do país a assinar o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e a Energia, destaca o Estadão. A cidade fez um inventário de emissões de gases de efeito estufa, criou ciclovias para diminuir o uso de veículos movidos a combustíveis fósseis e modernizou a iluminação pública, que se tornou mais eficiente. Além disso, abriu novos espaços públicos verdes, como praças e parques urbanos, e incentivou os cidadãos com desconto no IPTU de 50% para o uso de energia solar ou para quem planta uma árvore na residência.

Em tempo 2: Também na linha da adaptação climática, a Prefeitura do Rio de Janeiro apresentou um novo protocolo de comunicação para a população em cenários de risco relacionados a ondas de calor. O modelo foi desenvolvido com as secretarias de Saúde, Ambiente e Clima, além do Centro de Operações Rio (COR) e leva em consideração temperatura e umidade relativa do ar. Além dos estágios já conhecidos em caso de chuvas, haverá protocolo também para os casos de alta excessiva na temperatura, que pode interferir na realização de shows, detalha O Globo. Em 2023, o calor excessivo provocou a morte de uma fã em um show da cantora Taylor Swift na cidade.

 

ClimaInfo, 2 de julho de 2024.

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