Incêndios na Amazônia batem recorde para um 1º semestre em 20 anos

Incêndios Amazônia recorde 20 anos
Bruno Kelly/Amazonia Real

Desde que INPE começou a compilar esses dados, em 1998, região sofreu mais incêndios nos primeiros seis meses do ano apenas em 2003 e 2004.

O fogo recorde não é exclusividade do Pantanal. Nos primeiros seis meses de 2024, a Amazônia registrou 13.489 focos de incêndio. Além de representar um aumento de 61% em comparação com igual período do ano passado, quando o INPE detectou 8.344 focos, trata-se do pior primeiro semestre no bioma em 20 anos.

Considerando toda a série histórica do INPE, iniciada em 1998, somente em 2003 (17.143) e 2004 (17.340) os seis primeiros meses de um ano foram piores do que agora quanto a focos de incêndio, destacam O Globo, , Exame, Correio Braziliense, BNC Amazonas, Jornal de Brasília e Estado de Minas.

O aumento dos incêndios vai na direção contrária ao desmatamento na região, que mantém tendência de queda desde o início de 2023. De acordo com o INPE, de 1º de janeiro deste ano a 21 de junho (última data disponível) foram desmatados 1.525 km² no bioma. Uma redução de 42% em comparação com os 2.649 km² registrados no primeiro semestre do ano passado.

Porta-voz do Greenpeace Brasil, Rômulo Batista destaca o peso das mudanças climáticas para o aumento dos incêndios na Amazônia, no Pantanal e também no Cerrado – que registrou quase tantos focos quanto o bioma amazônico no 1º semestre (13.229), batendo o recorde anterior, de 2007 (13.214). “Infelizmente, boa parte dos biomas brasileiros está sob estresse hídrico por falta de chuvas. O ambiente fica mais seco e a vegetação mais seca é mais propícia a incêndios”, disse.

No entanto, assim como a ministra do Meio  Ambiente, Marina Silva, e outros especialistas já disseram, Batista reforça que “a maioria destes incêndios não ocorre espontaneamente ou devido à queda de raios”, mas sim devido à “ação humana”, especialmente para limpar terrenos para expandir as atividades agrícolas.

Em tempo 1: A Amazônia sofreu uma seca histórica em 2023, resultado da combinação entre mudanças climáticas e El Niño. E este ano não deverá ser diferente, com o fim do El Niño e início da vigência de La Niña. As chuvas abaixo da média em grande parte da região e as previsões de temperaturas acima da média já são motivo de preocupação com a estiagem de 2024. O Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM), órgão do Ministério da Defesa, está alertando os órgãos de defesa civil para a necessidade de medidas preventivas e de assistência às populações afetadas. De acordo com o analista do Censipam, Flávio Altieri, os estudos apontam para uma seca muito semelhante à do ano passado, informam Agência Brasil, Um só planeta e Canal Rural.

Em tempo 2: Mais cidades no país estão sendo afetadas pela seca-relâmpago, fenômeno climático extremo de curta duração e forte intensidade, geralmente acompanhado de altas temperaturas, que vem se tornando mais comum devido às mudanças climáticas. O monitoramento por satélite do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (LAPIS), da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), identificou um aumento no número de municípios com dias consecutivos de seca em grande parte do Brasil nos últimos meses, informa a Letras Ambientais.

 

 

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ClimaInfo, 03 de julho de 2024.

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