O comando nacional da greve dos servidores ambientais, interrompida por determinação da Justiça, criticou o governo pela “morosidade em negociar” e “tratamento desrespeitoso” à categoria.
E segue a queda-de-braço entre servidores ambientais e o governo federal. Depois da Justiça decretar a suspensão da greve iniciada no começo de julho para atividades consideradas “essenciais”, a categoria pressiona o Ministério da Gestão e Inovação nos Serviços Públicos (MGI) a retomar a mesa de negociação salarial. No entanto, a lentidão do governo federal gera insatisfação entre os profissionais.
((o)) eco destacou uma carta do comando nacional da greve, datada da última 2ª feira (15/7), na qual critica a “morosidade em negociar” e o “tratamento desrespeitoso” do governo federal com a categoria. O texto aponta para a incoerência do governo: mesmo com o presidente Lula prometendo que “ninguém seria punido por fazer greve”, o governo foi duro na resposta, esvaziando judicialmente a capacidade de ação do movimento.
Enquanto aguardam uma abertura do governo federal para retomar as negociações, os representantes dos servidores ambientais se uniram à Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (CONDSEF) para formular uma contraproposta salarial conjunta.
De acordo com a CONDSEF, a contraproposta foi desenvolvida com base na perspectiva apresentada pelo MGI e a partir dos limites orçamentários definidos para a continuidade das negociações. Os termos foram enviados aos servidores para que analisem em assembleia e autorizem as entidades a prosseguir com as tentativas de acordo com o governo.
A falta de entendimento entre governo e servidores ambientais está prejudicando o combate ao desmatamento e outras frentes da União importantes para a ação ambiental. O Extra destacou dados do sistema DETER-B, operado pelo INPE, que indicam um aumento de 100% nos alertas de desmatamento na Amazônia nos 12 primeiros dias de julho (204,29 km2) em relação ao mesmo período no ano passado (101,5 km2).
Já o Ministério de Minas e Energia projetou que as perdas de arrecadação por conta de atrasos no processo de licenciamento ambiental para projetos offshore de petróleo e gás já chegam a R$ 750 milhões mensais. O Metrópoles deu mais detalhes.
A falta de licenças também afeta o setor madeireiro. Segundo a Associação das Indústrias Exportadoras de Madeiras do Estado do Pará (AIMEX), somente em julho cerca de 500 cargas de madeira estão impedidas de embarcar, o que resultou em prejuízos parciais de R$ 150 milhões.
O UOL Tab abordou os efeitos da paralisação dos servidores ambientais sobre a economia e o meio ambiente no Brasil. Um dos pontos destacados é a frustração da categoria com a atual gestão federal: depois de serem humilhados pelo governo do ex-presidente Bolsonaro, os servidores esperavam mais valorização sob Lula. No entanto, até o momento, na visão deles, isso não se concretizou.
“O servidor ambiental, o fiscal, está ali atuando praticamente como força de segurança nas Terras Indígenas e nas Unidades de Conservação. O analista ambiental é responsável pela autorização de uma usina nuclear, hidrelétrica, de grandes obras, gasodutos, minerodutos, plataformas de petróleo. Não é um trabalho trivial”, afirmou Wallace Lopes, agente do IBAMA. “O que a gente pede hoje é meramente um tratamento equânime [com outras categorias]”.
ClimaInfo, 22 de julho de 2024.
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