A ministra lembrou o desastre climático no Sul e reiterou a necessidade de resposta dos governos ricos aos efeitos da crise climática nos países pobres.
As economias mais ricas do planeta precisam dar o exemplo no enfrentamento da crise climática, defendeu a ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima). Ela ressaltou que a Humanidade já experimenta os efeitos das mudanças climáticas, especialmente as populações mais pobres, que necessitam de mais apoio das nações do G20.
“Gostaria de relembrar aos líderes do G20 que somos responsáveis por 80% dos recursos financeiros existentes no planeta. E somos responsáveis por 80% das emissões de gases que levam à mudança do clima. Portanto, temos a obrigação de liderar pelo exemplo”, disse Marina durante a abertura de um evento sobre finanças climáticas no Rio de Janeiro.
“[Precisamos ter] a clareza de que os países em desenvolvimento precisam de ajuda e os países desenvolvidos devem liderar essa corrida, para termos uma agenda robusta de mitigação, adaptação e, sobretudo, de transformação de nossos modelos de desenvolvimento”, defendeu a ministra.
Marina lembrou o desastre provocado pelas chuvas históricas no Rio Grande do Sul em maio passado como um exemplo de como a crise climática exige respostas mais rápidas e efetivas dos governos para evitar situações ainda mais desastrosas. Além do apoio financeiro, a ministra também pontuou que os países pobres precisam de suporte técnico para se adaptarem.
“Nós já temos boa parte das respostas técnicas para o enfrentamento da mudança do clima, [sabemos] a quantidade de recursos financeiros [necessários]. Eu acho que já passou o tempo de ficarmos cobrando uns dos outros, quem está fazendo mais e quem está fazendo menos. Esse é o momento de ouvir o que a ciência e o bom senso estão cobrando de cada um de nós”, pontuou.
Por falar em suporte, Marina sinalizou que a proposta brasileira para criar um fundo bilionário para financiar a conservação de florestas tropicais ao redor do mundo está ganhando tração, com o apoio de diversos países. A expectativa da ministra é de que o Mecanismo de Financiamento das Florestas Tropicais (TFFF), como foi batizado o fundo, seja discutido durante a cúpula do G20 no Brasil neste ano e que esteja ativo na COP30 de Belém, no final de 2025.
“Esse fundo seria para pagar algo em torno de US$ 20 a US$ 30 por cada hectare de floresta preservada para os 80 países detentores de florestas tropicais que, digamos assim, cumpram com um determinado programa, compromisso para poder acessar esses recursos”, explicou a ministra, citada pelo Valor.
As falas de Marina Silva foram repercutidas por Correio Braziliense, epbr, R7 e Valor, entre outros.
ClimaInfo, 26 de julho de 2024.
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