Acordo bilateral anunciado em reunião do G20 abrange temas como financiamento para clima e biodiversidade, mercados de carbono, energia renovável e reforma dos organismos multilaterais.
Os governos de Brasil e Estados Unidos anunciaram na última 6ª feira um novo acordo de cooperação climática. A “Parceria pelo Clima”, como foi batizada, tem como objetivo destravar os financiamentos público e privado para a ação contra a crise climática e a perda da biodiversidade, abrangendo temas como energias renováveis, resiliência das cadeias de valor, integridade de mercados de carbono e conservação florestal.
O acordo foi formalizado durante a reunião de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20, presidido pelo Brasil, no Rio de Janeiro. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, assinaram o documento e destacaram os esforços conjuntos dos dois países para ampliar a oferta de recursos financeiros para a proteção da natureza.
De acordo com o texto, “a Parceria pelo Clima ajudará a desenvolver políticas e liderará reformas em instituições internacionais em que ambos os países são partes interessadas, de forma que os capitais público e privado sejam mais eficiente e efetivamente empregados para enfrentar os desafios climáticos mais urgentes”.
O acordo estabelece quatro pilares para a parceria Brasil-EUA: cadeias de suprimento de energia limpa; mercados de carbono de alta integridade; finanças da natureza e da biodiversidade; e fundos climáticos multilaterais. Neste sentido, o documento sinaliza que os dois países pretendem explorar esses temas em fóruns multilaterais como o G20, as reuniões anuais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Desde o início do governo Biden, temos trabalhado para aumentar a colaboração com o Brasil em prioridades compartilhadas relacionadas ao clima e ao ambiente. O Brasil colocou essas questões no topo da agenda de sua presidência do G20, e juntos temos dado continuidade em um trabalho ambicioso”, afirmou Yellen durante a apresentação do acordo.
Já Haddad destacou os princípios e os valores comuns entre Brasil e EUA e o esforço conjunto bilateral para fortalecer a resposta global contra as crises ambientais. “O que nós decidimos de comum acordo é estreitar os laços e dar visibilidade a essa aproximação. No contexto atual, é um passo essencial para ser o exemplo para a construção de um mundo melhor”, disse o ministro brasileiro.
O anúncio teve grande repercussão na imprensa, com matérias em Agência Brasil, CNN Brasil, Correio Braziliense, epbr, Estadão, Folha, Metrópoles e Valor, entre outros veículos.
Em tempo: A presidência brasileira do G20 costurou um consenso entre os ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais e publicou o communiqué público do grupo desde 2022. Para tanto, como destacou o Estadão, os países tiveram que desmembrar o documento, isolando questões geopolíticas (como a guerra entre Rússia e Ucrânia) que travaram o entendimento nos últimos anos.
O communiqué abordou pontos importantes na agenda do Brasil para o G20, como o financiamento para a ação climática e a proteção da natureza e a reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento e da governança financeira internacional.
Em outro documento, os países avançaram – ainda que marginalmente – nas discussões sobre a tributação sobre grandes fortunas, uma das principais propostas do Brasil para o G20 deste ano. Os governos sinalizaram sua intenção de cooperar para taxar os superricos, mas respeitando a soberania dos países. EUA, Arábia Saudita, Japão e Emirados Árabes se mantiveram contrários a um acordo mais abrangente nesse tema. O Valor também abordou essa notícia.
Ainda sobre a taxação dos superricos, a secretária nacional de Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, conversou com o Guardian sobre a proposta brasileira. “Nosso sentimento é que, moralmente, ninguém é contra. Mas o nível de apoio de alguns países é maior do que o de outros”, afirmou.
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ClimaInfo, 29 de julho de 2024.
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