Enquanto os democratas realizam sua convenção, organizações entram na campanha com anúncios publicitários destacando legado climático de Joe Biden e credenciais verdes de Kamala Harris.
Organizações ambientalistas e ativistas climáticos estão entrando em campo para defender a candidatura de Kamala Harris à presidência dos EUA. Enquanto a atual vice-presidente participa da convenção do Partido Democrata em Chicago, seus aliados da sociedade civil organizada iniciaram nesta semana uma campanha publicitária nos principais estados em disputa para destacar suas credenciais verdes contra o rival republicano, o ex-presidente Donald Trump.
De acordo com o NY Times, os anúncios publicitários serão exibidos em pelo menos seis estados – Arizona, Georgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin. A campanha, estimada em US$ 55 milhões, é liderada pelo LCV Victory Fund, braço político da League of Conservation Voters, além da EDF Action Votes (afiliada ao Environmental Defense Fund) e o comitê de ação política (PAC) Future Forward.
As peças publicitárias destacam os benefícios econômicos das medidas climáticas empreendidas pela gestão do presidente Joe Biden, como o Ato de Redução da Inflação (IRA) e os incentivos para a fabricação de carros elétricos e equipamentos de geração de energia renovável. Outro foco é o trabalho de Harris em seus tempos como promotora e procuradora-geral na Califórnia, onde processou empresas de combustíveis fósseis.
A imagem de Harris na discussão sobre clima é mais positiva entre os democratas do que a de Biden. Uma pesquisa da Associated Press-NORC revelou que 85% dos partidários da atual gestão têm “muita” ou “alguma” confiança em Harris para lidar com as mudanças climáticas, enquanto 60% afirmaram o mesmo sobre Biden.
A diferença pode indicar que, para os democratas, a troca de Biden por Harris não é apenas uma mudança de nome na cabeça de chapa, mas também uma expectativa de mudanças na política climática da Casa Branca caso a atual vice-presidente se torne a mandatária principal a partir de janeiro. Inside Climate News e The Hill também repercutiram os resultados da pesquisa.
Já no outro lado da corrida presidencial nos EUA, Trump e os republicanos seguem atirando para todos os lados para conter o crescimento de Harris nas pesquisas de opinião. Como usual, uma das armas do trumpismo tem sido a distorção de informações e a disseminação de notícias falsas.
Entre as lorotas de Trump, Harris proibiria o consumo de carne vermelha e o uso de fogões a gás, e obrigaria os norte-americanos a comprar carros elétricos. Nada disso é ruim em si, mas em um país contaminado pela desinformação climática em níveis tóxicos, essas acusações alimentam a revolta dos desinformados.
A AFP abordou a estratégia trumpista de desinformação contra Harris.
Em tempo: Uma fundação associada à petroleira Shell doou centenas de milhares de dólares para organizações extremistas de direita, inclusive a Heritage Foundation, entidade por trás do infame Project 2025, o playbook de Trump para destruir as políticas climáticas nos EUA. A entidade teria recebido quase US$ 60 mil da empresa britânica, a despeito de seu histórico de negacionismo climático. Um levantamento do DeSmog e Guardian descobriu que outras 20 entidades apoiadas indiretamente pela empresa se opõem agressivamente a questões de Direitos Humanos e ação climática.
ClimaInfo, 20 de agosto de 2024.
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