As catástrofes naturais globais resultaram em perdas médias anuais de US$ 106 bilhões para o setor de seguros nos últimos cinco anos, segundo novo estudo.
A intensificação de eventos climáticos extremos está causando um rombo bilionário na indústria global de seguros e resseguros. Uma nova análise divulgada na última 3a feira (3/9) estimou que a perda média anual registrada nos últimos cinco anos pelo setor foi de US$ 106 bilhões. Mas esse prejuízo pode aumentar para US$ 151 bilhões nos próximos anos.
Os dados foram apresentados pela Verisk, uma empresa de modelagem de risco. Segundo a análise, a expectativa é um crescimento médio da exposição aos riscos de catástrofes naturais de 7,2%, incluindo o crescimento nos valores de substituição de propriedades e novas construções, além do impacto da inflação futura.
Para a Verisk, o aumento nas perdas globais seguradas por catástrofes naturais é impulsionado pela rápida expansão urbana e pela instabilidade econômica e social, aliadas aos efeitos da crise climática. O fator climático é um desafio particular para análises desse tipo, devido à variabilidade natural e às mudanças na exposição ao risco.
“A mudança climática afeta todos os perigos atmosféricos, mas atualmente responde por apenas aproximadamente 1% do aumento anual em perdas. No entanto, espera-se que sua influência se torne mais significativa nas próximas décadas”, explicou Jan Guin, vice-presidente executivo da Verisk.
Em 2023, as perdas seguradas foram motivadas por um aumento nas perdas relacionadas a tempestades severas. Só nos EUA, segundo a Verisk, as perdas decorrentes desse tipo de evento somaram mais de US$ 57 bilhões. Bloomberg, Financial Times e Fortune, entre outros, repercutiram os principais pontos da análise.
O clima extremo está precipitando mudanças dentro da própria indústria de seguros. A Bloomberg destacou uma dessas movimentações, o aumento do uso de seguro cativo, onde as empresas criam seus próprios veículos de cobertura, sem depender dos serviços de empresas terceiras.
Os seguros cativos, também conhecidos como gestão de cativos, tem permitido às empresas contornar restrições ou evitar preços proibitivamente altos de seguradoras externas. Os setores de combustíveis fósseis e mineração estão recorrendo mais a esse tipo de seguro.
Esse movimento também acontece enquanto as seguradoras primárias começam a ter dificuldades para repassar o risco para as resseguradoras. Como também assinalou a Bloomberg, em um mundo com clima extremo, inflação e crescente exposição, as resseguradoras estão aumentando seus preços e pressionando as seguradoras por termos mais favoráveis em seus contratos.
ClimaInfo, 5 de setembro de 2024.
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