Yalchin Rafiyev, o negociador-chefe do Azerbaijão, reitera o objetivo de definir uma nova meta de financiamento climático global pós-2025 na Conferência do Clima de Baku.
A pouco mais de um mês para a abertura da COP29 de Baku, os anfitriões da próxima Conferência do Clima seguem otimistas sobre a possibilidade de sucesso nas negociações em torno da nova meta de financiamento climático, mesmo com as dificuldades nas discussões preparatórias ao encontro.
Em entrevista à Folha, o negociador-chefe do Azerbaijão para a COP29, Yalchin Rafiyev, ressaltou que as negociações em torno da intitulada “nova meta coletiva quantificada” (NCQG, da sigla em Inglês) exigirão um engajamento das lideranças internacionais em Baku para superar as fortes divergências entre países ricos e pobres. “Como estamos falando de bilhões, trilhões de dólares, isso precisa ser decidido pelo alto nível político, esse engajamento é necessário”, disse Rafiyev. “A definição da NCQG traz uma série de elementos: o valor, quem vai pagar, quem será beneficiado, quanto tempo teremos para levantar essa quantidade [de dinheiro]”.
Para o diplomata azeri, mesmo com as divergências, não há nenhum país impondo pré-condições ou barreiras que dificultem a obtenção de um acordo em Baku. “Temos esperança que esse espírito construtivo continue”, afirmou. “Existe um certo consenso entre os países que é: precisamos aumentar muito o atual financiamento”.
Na semana passada em Nova York os representantes da Presidência da COP29 realizaram uma reunião ministerial paralela à Assembleia Geral da ONU para iniciar esse engajamento político de alto nível. Além da articulação das autoridades azeris, o comando da COP de Baku também nomeou os ministros Yasmine Fouad (Egito) e Chris Bowen (Austrália) como “pares ministeriais” para puxar as consultas informais entre os governos.
Pela programação preparatória à COP29, a Presidência da Conferência pretende realizar uma reunião informal de chefes de delegação no próximo dia 8 em Baku, além de um diálogo ministerial de alto nível sobre a NCQG no dia seguinte e a “Pré-COP” nos dias 10 e 11.
Ainda sobre a COP29, o Climate Home destacou a frustração de ativistas e analistas com o desempenho da chamada “Troika das Presidências da COP” nas discussões sobre clima que aconteceram em Nova York paralelas à Assembleia Geral da ONU. Havia uma promessa de que Azerbaijão, Brasil e Emirados Árabes apresentassem algum elemento de seus novos compromissos climáticos sob o Acordo de Paris, o que não aconteceu. Em seu lugar, as presidências das COPs 28, 29 e 30 somente reiteraram a promessa de ambição.
“Testemunhamos um caso preocupante de dissonância cognitiva. Em um momento de grave urgência climática, a Troika da COP está falhando em entregar a liderança e a clareza necessárias para aumentar a ambição climática”, afirmou Romain Ioualalen, da Oil Change International.
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ClimaInfo, 2 de outubro de 2024.
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