Emissões por combustíveis fósseis batem novo recorde em 2024

Nesse ritmo, estudo calcula que há 50% de chance do aquecimento global superar 1,5°C sobre níveis pré-industriais "de forma constante nos próximos seis anos".
18 de novembro de 2024
emissões carbono
globalcarbonbudget.org

O observatório climático europeu Copernicus e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) já haviam afirmado que a temperatura média global de 2024 será a maior da história, superando o limite de 1,5°C sobre os níveis pré-industriais estabelecido no Acordo de Paris. Agora o Global Carbon Project (GCP) prevê outro recorde no ano, diretamente relacionado com o aquecimento: as emissões oriundas dos combustíveis fósseis.

Segundo um estudo do GCP, rede de colaboração formada por mais de 100 cientistas, as emissões relacionadas a petróleo, gás fóssil e carvão devem fechar o ano em 37,4 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, um aumento de 0,8% em relação a 2023. A título de comparação, as emissões precisariam cair 43% até 2030 para que o mundo tenha alguma chance de manter o limite de 1,5°C e limitar os impactos climáticos cada vez mais dramáticos sobre a população global.

É fato que a taxa de crescimento das emissões dos combustíveis fósseis desacelerou na última década, devido à expansão das fontes renováveis e dos veículos elétricos, destaca o Guardian. Mas apesar da urgência do corte de emissões para desacelerar as mudanças climáticas, ainda não há “nenhum sinal” de que o mundo tenha atingido o pico de emissões de CO2 de origem fóssil, alertam os pesquisadores.

Ao ritmo atual, o relatório calcula que há 50% de chance do aquecimento global superar os 1,5°C do Acordo de Paris, “de forma constante nos próximos seis anos, aproximadamente”, informa o g1. Os orçamentos de carbono restantes para a limitação do aquecimento em 1,7°C e em 2°C deverão ser esgotados nos próximos 14 e 27 anos, respectivamente, caso as emissões continuem nos níveis atuais, detalha o Dow to Earth.

“Os impactos das mudanças climáticas estão se tornando cada vez mais dramáticos, mas ainda não vemos nenhum sinal de que a queima de combustíveis fósseis tenha atingido seu pico. O tempo está se esgotando, e os líderes mundiais reunidos na COP29 devem promover cortes rápidos e profundos nas emissões de combustíveis fósseis”, ressalta o estudo.

  • Em tempo 1: A Shell ganhou um recurso na Justiça holandesa contra a decisão que a obrigaria a reduzir em 45% as emissões de carbono até 2030 em relação aos níveis de 2019, informam UOL e IstoÉ. A petroleira contestou o resultado de 2021, afirmando que o veredito pouco contribuiria para a redução de poluentes, pois não afetaria a demanda do consumidor por gasolina, diesel e gás fóssil – afinal, a culpa é sempre do consumidor (só que não). A decisão judicial de 2021, no tribunal distrital de Haia, determinou que a Shell era parcialmente responsável pelas mudanças climáticas.

  • Em tempo 2: O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, indicou o executivo de combustíveis fósseis e negacionista climático, Chris Wright, para a secretaria de energia de seu próximo governo, informam g1, UOL e Estadão. Wright é CEO da Liberty Energy, foi doador da campanha de Trump, é um firme defensor dos combustíveis fósseis e afirma que estes são necessários para tirar o mundo da pobreza. Além disso, o presidente eleito dos EUA indicou o governador da Dakota do Norte, Doug Burgum, para o Departamento do Interior, área do governo responsável pela oferta de áreas para exploração de combustíveis fósseis, informa o Poder 360. Burgum também é conhecido por defender a exploração de combustíveis fósseis nos EUA. Ou seja, mais emissões de carbono estão a caminho.

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